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'Islamitas não acreditam na democracia'

DO ENVIADO AO CAIRO

Hossam Bahgat, um dos mais conhecidos ativistas de direitos humanos do Egito, passou os últimos anos tentando convencer seus amigos de que o maior inimigo da revolução egípcia eram os militares, não os islamitas.

Sua opinião sobre os militares continua a mesma. Mas as recentes ações do presidente Mohamed Mursi confirmaram para ele os temores sobre a inclinação autoritária da Irmandade Muçulmana.

"Os islamitas mostraram que não acreditam na democracia", disse Bahgat em entrevista à Folha no seu escritório, no centro do Cairo.

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Folha - Os islamitas o surpreenderam?
Hossam Bahgat - Desde a queda de Mubarak há uma polarização entre islamitas e aqueles cuja prioridade era evitar a chegada dos islamitas ao poder.
Eu achava que seria bom para a transição ter os islamitas no poder, porque isso os integraria ao processo político. E acreditava que havia um bloco reformista na Irmandade Muçulmana, e que governar teria um efeito moderador no grupo. Eu estava errado.

O que mais o incomodou?
É uma longa lista. Começa no ano passado, quando a Irmandade ficou do lado da junta militar e não das forças revolucionárias, incluindo em tempos de massacres nas ruas. Depois, quando conquistou a maioria no Parlamento, a Irmandade monopolizou todas as comissões.
Com o decreto do dia 22 eles foram além de um erro político: foi a primeira vez que os islamitas mostraram que não acreditam na democracia. O decreto confirmou os medos dos que estavam obcecados com a ameaça islamita.

Os islamitas dizem que o decreto foi necessário porque as cortes são formadas por juízes do antigo regime.
É uma definição enganosa. Mursi tem poderes legislativos desde agosto, mas não emitiu nenhuma lei para a reforma judiciária. É verdade que a Suprema Corte tem membros apontados por Mubarak, alguns abertamente contra os islamitas, mas não se pode generalizar. O Judiciário era o nosso maior aliado contra Mubarak. Em 2006, Mursi foi preso numa manifestação justamente por defender o Judiciário.

O que acha da Constituição que irá a referendo?
É um retrocesso. O poder garantido aos militares vai muito além de qualquer outra Constituição. Há um artigo explicando as fontes da sharia amplo o suficiente para levar a um caos legal e às mais extremas interpretações em assuntos como violência contra a mulher, casamentos de menores e punições a crimes.
Nada muda para quem era marginalizado antes da revolução.


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