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Senado italiano aprova plano de ajuste

Pacote de € 60 bilhões, que segue hoje para a Câmara, é condição do premiê Silvio Berlusconi para deixar o poder

Medida abre caminho para que economista lidere governo; Bolsas reagem bem e fecham em alta na Europa

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
Andreas Solaro/France Presse
O ex-comissário europeu Mario Monti, favorito para assumir o posto de premiê
O ex-comissário europeu Mario Monti, favorito para assumir o posto de premiê

A Itália se deu conta da forte pressão dos mercados e dos demais países da Europa e dos EUA e acelerou o processo para a saída do primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
Ontem, o Senado aprovou o novo pacote de austeridade acertado com a União Europeia. Falta agora passar pela Câmara, o que pode acontecer hoje.
A aprovação nas duas Casas é um pré-requisito de Berlusconi para sair, após ele perder a maioria no Parlamento, na terça-feira.
No pacote, há aumento do VAT (imposto sobre o consumo), de 20% para 21%; congelamento dos salários do setor público até 2014; aumento da idade para aposentadoria e privatizações.
A ideia é economizar € 60 bilhões e equilibrar as contas até 2014.
Berlusconi pode deixar o cargo, que ocupa desde 2008, neste fim de semana.
Ainda há incertezas, mas o mais provável é que seja criado um governo de consenso, com o economista Mario Monti, 68, como primeiro-ministro.
Ele é considerado um técnico liberal, que defende medidas que agradam tanto ao mercado quanto à chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel.
Em artigo recente, Monti escreveu: "A Itália precisa remover os obstáculos estruturais ao crescimento que existem em muitos setores devido ao corporativismo e à falta de competição".
Os desdobramentos da crise na Itália e a posse do novo primeiro-ministro grego, Lucas Papademos (pronuncia-se Papadimos), fez as Bolsas subirem tanto na Europa quanto nos EUA. A de Milão subiu 3,68%.
Já os juros exigidos para títulos italianos caíram pelo segundo dia seguido. Após beirar os 8% na quarta, os papéis de 10 anos foram negociados ontem por 6,6%.
Como Monti, o grego Papademos é também visto como mais técnico que político.
Ele se comprometeu a adotar medidas de austeridade e a fazer tudo para que o país fique na zona do euro.
Manteve no cargo o ministro das Finanças, Evangelos Venizelos.
Ontem mesmo, Papademos recebeu telegrama de Merkel, em que ela diz que toda a zona do euro deposita muitas esperanças nele.

OUTRAS MUDANÇAS
Mas não são apenas mudanças de governos que preocupam os mercados ou o resto do mundo.
Em discurso, o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, disse que a crise na Europa continua como o principal desafio para o crescimento mundial.
Já Barack Obama, presidente dos EUA, ligou para Merkel e pediu ações mais efetivas para conter a crise.
Ele e outros líderes insistem que apenas a política de cortes de gastos não está funcionando.
A pressão é para que o BCE (Banco Central Europeu) imprima dinheiro e o use para comprar papéis da dívida dos países problemáticos.
A Alemanha continua a se opor. Philipp Rösler, ministro das Finanças alemão, disse que, se o BCE tomar essa atitude, não terá como parar e isso fará com que os países abandonem os esforços para colocar as contas em ordem.
Depois de a Comissão Europeia admitir o risco de recessão na Europa em 2012, ontem foi a vez de o FMI (Fundo Monetário Internacional)fazer o mesmo alerta para todos os países desenvolvidos.
O FMI cobra dos governos políticas para impulsionar o crescimento econômico. A declaração foi feita em nota preparada durante a reunião do G20, em Cannes, na França, só divulgada ontem.

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