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TRANSIÇÃO NA IGREJA

D. Odilo faz crítica a 'sensacionalismo' da mídia sobre a igreja

Arcebispo de SP, um dos papáveis mais lembrados, nega 'guerra civil' no Vaticano e diz que religião é caricaturada

Cardeal também ataca 'especulações' sobre renúncia de Bento 16 e tem evitado imprensa, exceto meios católicos

FABIANO MAISONNAVE BERNARDO MELLO FRANCO FELIPE SELIGMAN ENVIADOS ESPECIAIS A ROMA

Um dos papáveis mais lembrados nos últimos dias, o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, criticou ontem notícias de cunho "sensacionalista ou marcadas pelo preconceito" contra a igreja.

O cardeal também negou que a renúncia de Bento 16 tenha sido causada por uma "guerra civil no Vaticano".

"É sempre importante tentar saber de qual púlpito vem o sermão e perguntar se merecem crédito certas afirmações bombásticas, de efeito retórico (por exemplo, 'guerra civil no Vaticano'...), que não se sustentam em fatos", escreveu dom Odilo, 63, em entrevista por e-mail publicada ontem pelo jornal "O São Paulo", da sua arquidiocese.

"É preciso lembrar que cada um deverá prestar contas a Deus pelas afirmações mentirosas e injuriosas ditas contra o próximo ou também a igreja", afirmou.

Ele aconselhou a não dar "crédito fácil a certas caricaturas que se fazem da igreja; quem conhece a igreja e vive dentro dela sofre com o desprezo à igreja".

O brasileiro criticou ainda a cobertura da visita de Bento 16 ao Brasil, em 2007. "Nunca pude ver nele aquele homem 'autoritário' ou 'duro', como algumas vezes foi descrito; isso não corresponde à verdade. Quando visitou o Brasil, em 2007, fiquei perto do papa durante alguns dias, na sua estadia em São Paulo. Eu lia os títulos na imprensa e me perguntava: de qual papa estão falando? Não do Bento 16 que conheço..."

Dom Odilo e os outros quatro cardeais brasileiros com idade para votar participaram ontem, no Vaticano, do segundo dia de reuniões preparatórias para o conclave.

O arcebispo de São Paulo, que trabalhou no Vaticano por sete anos, descartou que a renúncia tenha tido outros motivos além dos de saúde.

"Infelizmente, as palavras do próprio papa, proferidas no anúncio do dia 11 de fevereiro sobre sua renúncia, foram deixadas de lado, como sendo não verdadeiras, para dar largas a todo tipo de suspeitas, especulações e conjecturas sobre os 'reais motivos' da renúncia. Alguém nas condições e na autoridade do papa deveria merecer mais crédito e respeito."

Dois dias depois da renúncia, Bento 16 disse, durante a Missa de Cinzas, que "o rosto da igreja é, às vezes, deturpado pela divisão no corpo eclesial".

Desde que chegou a Roma, o arcebispo de São Paulo tem evitado a imprensa -o silêncio seria sinal de que está se preservando, já que a autopromoção costuma ser malvista entre os cardeais.

A exceção têm sido os meios de comunicação católicos. Na quinta-feira, logo após se despedir do papa, dom Odilo falou ao programa brasileiro da Rádio Vaticano.

Ali, disse que qualquer candidatura a pontífice é "fantasia".

Anteontem, o monsenhor Antonio Luiz Catelan, que acompanha os cardeais brasileiros, disse que o nome de dom Odilo está crescendo "em mais de um continente" e instou os jornalistas que cobrem a transição em Roma a fazer reportagens que "podem apresentá-lo como um bom candidato".


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