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Túmulo de Saddam atrai seguidores
Ditador é enterrado em sua aldeia natal; vídeo que mostra algozes xingando Saddam no enforcamento acirra tensões
Enterro teve poucas testemunhas e foi realizado na madrugada de ontem, após helicóptero americano transportar o corpo
Bassim Daham/Associated Press
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Iraquianos sunitas lamentam a morte do ditador Saddam ao lado do seu túmulo, em Awja, vilarejo a 130 km ao norte de Bagdá
GHAZWAN AL JIBOURI
DA REUTERS, EM AWJA
Jurando vingança, centenas
de sunitas seguidores de Saddam Hussein foram ao túmulo
do ditador iraquiano em sua aldeia natal, Awja, onde ele havia
sido enterrado na madrugada
de ontem, após a execução em
Bagdá.
Demonstrando ressentimento contra o atual governo,
liderado por um xiita e responsável pelo enforcamento do ex-ditador, os seguidores de Saddam se ajoelharam e rezaram
ao redor do túmulo, coberto
por uma bandeira do Iraque.
As paixões sectárias que têm
levado o Iraque a um guerra civil desde que as tropas lideradas pelos EUA derrubaram
Saddam, em 2003, podem ficar
ainda mais inflamadas por causa de um vídeo divulgado na internet mostrando funcionários
do governo xiita ridicularizando Saddam durante a execução.
"Os persas o mataram. Não
posso acreditar nisso. Por
Deus, vamos nos vingar", disse
um homem morador de Mossul, usando um termo usado
por sunitas para descrever os
xiitas, cuja linha religiosa é a
mesma da predominante no vizinho Irã.
"A única coisa que podemos
fazer agora é atacar os americanos e o governo", disse outro
simpatizante, que parou ao lado do túmulo, localizado na sala de mármore de uma mesquita no vilarejo de Awja, perto da
cidade de Tikrit. Um retrato de
um sorridente Saddam com o
seu tradicional chapéu foi colocado sobre uma cadeira.
Grupos de dezenas de sunitas se revezavam na sala para
homenagear Saddam, condenado à morte pelo assassinato
de 148 xiitas, em 1982. Foram
servidos café e chá de menta na
sala ao lado, onde se referiam
ao ex-ditador com um mártir
da ocupação americana.
O governo havia indicado
que Saddam poderia ser enterrado em local não identificado,
temendo que seu túmulo se
tornasse um local de peregrinação para seus partidários.
Mas, depois do pedido da tribo de Saddam para que o corpo
do ditador fosse enterrado em
Awja, um helicóptero americano levou os restos mortais para
Tikrit, onde foi entregue em
um caixão a autoridades locais.
O corpo de Saddam foi mais
tarde levado para Awja, num
carro da polícia, e enterrado
por volta das 3h30 locais de ontem, depois de ter sido lavado e
coberto com um manto branco,
dentro do ritual muçulmano.
Uday e Qusay, os filhos de Saddam mortos pelos americanos
em 2003, também foram enterrados em Awja.
O enterro foi presenciado
por poucas pessoas. Funerais
simbólicos foram realizados
em outras cidades sunitas.
Ignorando a hesitação de
membros sunitas e curdos do
seu governo, o premiê Nuri al
Maliki apressou a execução de
seu antigo inimigo, em manobra que agradou aos xiitas. Há,
no entanto, o temor de que isso
possa exacerbar ainda mais a
ira sunita.
2.999º
Um soldado norte-americano foi atingido por uma bomba
anteontem à tarde em Bagdá,
elevando para 2.999 o número
de militares dos EUA mortos
desde a invasão do Iraque, em
março de 2003. Foi também o
110º soldado a morrer em dezembro, fazendo do mês passado o mais mortal para forças
militares norte-americanas dos
últimos dois anos.
O número de 3.000 militares
americanos mortos será provavelmente considerado mais um
marco para os americanos, mas
é menor do que o número de civis iraquianos mortos por mês
no último semestre de 2006,
segundo estatísticas da ONU.
Ontem, 12 corpos com sinais de
tortura foram encontrados e
duas crianças morreram num
ataque com foguete em Bagdá.
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