São Paulo, quinta-feira, 01 de janeiro de 2009

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Amorim pede "gestos decisivos" a EUA e ONU

Chanceler conversou com Rice e Ban e reiterou sugestão de realização de uma reunião ampliada nos moldes de Annapolis

Indagada sobre proposta do Brasil, chanceler de Israel afirma que processo de paz somente terá avanços caso Hamas seja enfraquecido

DA COLUNISTA DA FOLHA
DO ENVIADO A SDEROT

O chanceler Celso Amorim telefonou ontem para a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, e para o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-Moon, defendendo "gestos decisivos" para o cessar-fogo na guerra do Oriente Médio e para "reforçar a Autoridade Nacional Palestina".
O ministro, que já havia falado com os chanceleres da França e do Egito, voltou a defender com Rice e Ban a realização de uma reunião ampliada para debater uma solução imediata e negociações para a paz na região, nos moldes da que foi realizada em Annapolis, nos EUA, no final de 2007.
Na versão do Itamaraty, os dois interlocutores concordaram com a proposta, mas Rice advertiu que seria necessário sensibilizar e mobilizar outros países para que a reunião possa ser realizada.
No telefonema para Ban, nenhum dos lados se referiu à crítica explícita que o presidente Lula fizera na véspera à "falta de coragem" da ONU para resolver a questão, "porque os EUA têm poder de veto".
Nos dois telefonemas de ontem, Amorim manifestou a preocupação brasileira de que os ataques israelenses fortaleçam a posição do Hamas e demais radicais na região e enfraqueçam a liderança do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.
Rice e Ban compartilharam essa preocupação do Brasil e disseram a Amorim que têm empenho em respaldar a liderança moderada da ANP.
Nas conversas, Amorim também discutiu a abertura de corredores humanitários para facilitar o socorro aos feridos.
Em nota oficial, o Itamaraty informou que recebeu um apelo da delegação palestina no Brasil, especialmente para o envio de medicamentos. O apelo foi acompanhado de uma lista de remédios de urgência e, segundo a nota, ontem mesmo estava sendo mobilizado um grupo interministerial para providenciar a ajuda.

Livni
Durante entrevista coletiva em Sderot, a chanceler de Israel, Tzipi Livni, respondeu a pergunta da Folha sobre a proposta de Lula de ampliar o grupo de mediadores para incluir participantes da Conferência de Annapolis, como o Brasil.
"É bom que você tenha citado Annapolis, porque ele resume a nossa aspiração. "Nós" significa Israel, a comunidade internacional, o governo palestino legítimo e o mundo árabe moderado. A ideia é trabalhar com os moderados e com a liderança pragmática da Autoridade Palestina, para transformar a visão dos dois Estados para dois povos em realidade."
Para Livni, enquanto a faixa de Gaza for controlada pelo Hamas, "esse será um obstáculo para o povo palestino construir seu próprio Estado".
"Só se trabalharmos simultaneamente o processo de Annapolis e lutarmos contra o extremismo e o terrorismo, poderemos obter avanços. Sem enfraquecer o Hamas, a retórica em torno de fortalecer Mahmoud Abbas não tem valor."
(ELIANE CANTANHÊDE E MARCELO NINIO)



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