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Amorim pede "gestos decisivos" a EUA e ONU
Chanceler conversou com Rice e Ban e reiterou sugestão de realização de uma reunião ampliada nos moldes de Annapolis
Indagada sobre proposta do Brasil, chanceler de Israel afirma que processo de paz somente terá avanços caso Hamas seja enfraquecido
DA COLUNISTA DA FOLHA
DO ENVIADO A SDEROT
O chanceler Celso Amorim
telefonou ontem para a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, e para o
secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas),
Ban Ki-Moon, defendendo
"gestos decisivos" para o cessar-fogo na guerra do Oriente
Médio e para "reforçar a Autoridade Nacional Palestina".
O ministro, que já havia falado com os chanceleres da França e do Egito, voltou a defender
com Rice e Ban a realização de
uma reunião ampliada para debater uma solução imediata e
negociações para a paz na região, nos moldes da que foi realizada em Annapolis, nos EUA,
no final de 2007.
Na versão do Itamaraty, os
dois interlocutores concordaram com a proposta, mas Rice
advertiu que seria necessário
sensibilizar e mobilizar outros
países para que a reunião possa
ser realizada.
No telefonema para Ban, nenhum dos lados se referiu à crítica explícita que o presidente
Lula fizera na véspera à "falta
de coragem" da ONU para resolver a questão, "porque os
EUA têm poder de veto".
Nos dois telefonemas de ontem, Amorim manifestou a
preocupação brasileira de que
os ataques israelenses fortaleçam a posição do Hamas e demais radicais na região e enfraqueçam a liderança do presidente da Autoridade Nacional
Palestina, Mahmoud Abbas.
Rice e Ban compartilharam
essa preocupação do Brasil e
disseram a Amorim que têm
empenho em respaldar a liderança moderada da ANP.
Nas conversas, Amorim também discutiu a abertura de corredores humanitários para facilitar o socorro aos feridos.
Em nota oficial, o Itamaraty
informou que recebeu um apelo da delegação palestina no
Brasil, especialmente para o
envio de medicamentos. O apelo foi acompanhado de uma lista de remédios de urgência e,
segundo a nota, ontem mesmo
estava sendo mobilizado um
grupo interministerial para
providenciar a ajuda.
Livni
Durante entrevista coletiva
em Sderot, a chanceler de Israel, Tzipi Livni, respondeu a
pergunta da Folha sobre a proposta de Lula de ampliar o grupo de mediadores para incluir
participantes da Conferência
de Annapolis, como o Brasil.
"É bom que você tenha citado Annapolis, porque ele resume a nossa aspiração. "Nós" significa Israel, a comunidade internacional, o governo palestino legítimo e o mundo árabe
moderado. A ideia é trabalhar
com os moderados e com a liderança pragmática da Autoridade Palestina, para transformar a visão dos dois Estados
para dois povos em realidade."
Para Livni, enquanto a faixa
de Gaza for controlada pelo
Hamas, "esse será um obstáculo para o povo palestino construir seu próprio Estado".
"Só se trabalharmos simultaneamente o processo de Annapolis e lutarmos contra o extremismo e o terrorismo, poderemos obter avanços. Sem enfraquecer o Hamas, a retórica em
torno de fortalecer Mahmoud
Abbas não tem valor."
(ELIANE CANTANHÊDE E MARCELO NINIO)
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