São Paulo, sexta-feira, 01 de janeiro de 2010

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Taleban reivindica ataque que matou 7 em base afegã da CIA

Líder do posto está entre os agentes mortos por um homem-bomba anteontem

Radicais assumem também autoria de explosão que matou quatro soldados e uma jornalista canadenses durante patrulha na quarta

Allauddin Khan/Associated Press
Helicóptero sobrevoa estrada ao sul de Candahar onde cinco canadenses foram mortos em outro ataque do Taleban anteontem

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O Taleban assumiu a autoria de um ataque suicida que resultou na morte de ao menos sete agentes da CIA em uma base no sul do Afeganistão, na Província de Khost. O ataque é considerado o mais grave contra a equipe de inteligência dos EUA desde o início da guerra no Afeganistão, há oito anos, e um dos maiores da história da CIA. Ao menos outros seis funcionários ficaram feridos.
Segundo relato da Associated Press, entre os mortos está a chefe da CIA na base de Khost. O diretor da agência, Leon Panetta, disse em mensagem aos funcionários que as mortes foram resultado de um ataque terrorista. "Devemos a eles nossa mais profunda gratidão, e prometemos a eles e a suas famílias que nunca vamos parar de lutar pela causa à qual dedicaram suas vidas -uma América mais segura".
Os nomes dos mortos não foram divulgados. O total de mortos e feridos ainda está sujeito a alteração. Relatos iniciais indicavam que oito americanos haviam morrido no ataque.
Um porta-voz do Taleban afirmou que o homem-bomba era um soldado das forças armadas afegãs que decidiu se juntar aos insurgentes. "Afegãos que estavam trabalhando com os americanos (...) agora estão com o Taleban. E agora eles sabem que os americanos são os inimigos da nossa religião", afirmou Zabiullah Mujahid, o porta-voz. A versão não foi confirmada pelos EUA.
O ataque atingiu funcionários da agência que trabalham para desmantelar ações do Taleban, da Al Qaeda e de outros grupos extremistas que estão ativos na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão.
A CIA coordenou o ataque inicial americano contra o Taleban no Afeganistão em 2001 e desde então tem contribuído com espiões, operações paramilitares e analistas em contraterrorismo para a região. No último ano, a CIA vinha aumentando sua presença na região.
Apesar de já terem ocorrido outros ataques em bases na Província de Khost, este último foi particularmente audacioso porque o homem bomba ingressou na base pelo portão principal. Ele conseguiu chegar próximo a uma sala de ginástica do posto. Não se sabe até agora se ele trabalhava no local ou se ele se aproveitou de alguma brecha da segurança.
O ataque contra funcionários da CIA chega em momento de baixa moral da agência devido a acusações de falhas na vigilância ao terrorismo após uma tentativa frustrada de ataque a um voo que ia de Amsterdã a Detroit na última sexta.
Também mostra a escalada da violência no Afeganistão -em 2009, o número de soldados americanos mortos no país chegou a 310, o maior número para o período de um ano desde o começo da guerra.
Na quarta-feira, oficiais da Otan, a aliança militar ocidental, afirmaram ainda que quatro soldados canadenses e uma jornalista do Canadá foram mortos em uma explosão ao sul de Candahar. O Taleban também assumiu a responsabilidade pelo episódio. Em nota, o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, "condenou fortemente" os ataques.
Insurgentes sequestraram ainda dois jornalistas franceses, o tradutor deles e o motorista a 120 km de Cabul.

Bali
Ainda ontem, a Embaixada dos EUA na Indonésia divulgou um alerta para cidadãos americanos sobre a hipótese de um ataque na ilha de Bali durante as comemorações pela chegada do ano novo, com base nas declarações do governador local.
A embaixada orientou americanos a monitorar a mídia e ficar atentos a distúrbios.
Funcionários de segurança em Bali, porém, disseram posteriormente que desconheciam qualquer tipo de ameaça.
Em 2002, bombas detonadas por militantes islâmicos mataram 202 pessoas em uma casa noturna em Bali.


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