São Paulo, sábado, 01 de janeiro de 2011

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Paquistaneses fazem greve geral em favor da "lei de blasfêmia"

Protesto teria sido motivado por crise que envolve Islamabad e aliados muçulmanos

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

As principais cidades do Paquistão pararam ontem por causa de uma greve geral convocada por líderes muçulmanos contrários a um projeto do governo de alterar a "lei da blasfêmia", que proíbe ofensas ao islã.
A coalizão governista, no entanto, nega ter intenção de mudar o texto. E analistas dizem que os protestos são motivados por uma crise política envolvendo o governo e o seu maior aliado -sigla formada por grupos muçulmanos.
Centros comerciais e de negócios na capital, Islamabad, em Karachi, a principal cidade do país, e em Lahore, Rawalpindi, Peshawar e Quetta não abriram.
Em Karachi, o transporte público foi afetado, e a polícia entrou em confronto com manifestantes.
Estima-se em milhares o número de pessoas que se juntaram aos protestos. "Não permitiremos que o governo promova quaisquer mudanças na lei da blasfêmia", afirmou o clérigo Hafiz Hamdullah, na cidade de Quetta.
A legislação alcançou notoriedade internacional após ser evocada para condenar à morte, no mês passado, uma mulher cristã acusada de ter proferido insultos ao islã.
Críticos alegam que a lei é utilizada para promover perseguição a minorias e fomentar o extremismo religioso.
Mas a greve havia sido convocada por líderes muçulmanos no último dia 15, um dia após o partido Jamiat-e-Ulema-e-Islam (JUI) anunciar a sua saída do governo.
A medida foi uma represália à demissão, pelo premiê paquistanês Yusuf Raza Gilani, de um ministro da sigla.
Gilani tenta agora evitar a saída do governo de outro aliado de orientação islâmica, o MQM (Movimento Muttahida Qaumi, na sigla em inglês), o segundo maior partido da coalizão. O MQM entregou nesta semana os dois ministérios que ocupava.
Segundo analistas, tanto o JUI quanto outros movimentos islâmicos que integram ou já fizeram parte do governo não têm muito lastro eleitoral, porém possuem capacidade de mobilização e podem incomodar Islamabad.
"O governo está neste momento em crise, e esses partidos islâmicos o pressionam por meio de manipulação do sentimento do público", afirmou à agência Reuters o analista Hasan Askari Rizvi.

AFEGANISTÃO
A crise política envolvendo grupos muçulmanos afeta ainda a relação com os EUA, que pressionam o Paquistão para reprimir militantes ligados ao grupo radical Taleban e à rede terrorista Al Qaeda.
Os radicais islâmicos utilizam o território paquistanês, sobretudo a região noroeste, majoritariamente tribal, para lançar ataques às forças lideradas pelos EUA que estão no Afeganistão.
Desde o ano passado, Islamabad promove uma ofensiva contra esses grupos, mas seus resultados são controversos e não aplacam a pressão americana por ações.


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