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De olho em conservadores, McCain recua
Líder nas pesquisas, senador revê posição quanto a imigrantes ilegais às vésperas da Superterça e cita juízes mais à direita
Arnold Schwarzenegger, governador do Estado com mais votos na convenção republicana, confirma apoio à candidatura do veterano
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A SIMI VALLEY
(CALIFÓRNIA)
Numa mostra da guinada à
direita que deve se acentuar
nas próximas horas, John
McCain voltou atrás em suas
posições menos conservadoras
em relação à questão dos imigrantes nos EUA. Indagado no
debate de anteontem entre os
pré-candidatos republicanos à
Presidência se mantinha sua
proposta de lei que prevê semi-anistia para os ilegais, o senador do Arizona voltou atrás pela primeira vez.
"Ela não voltará a ser votada", esquivou-se o político.
Pressionado, admitiu: "A proposta não voltará [a plenário],
porque conhecemos a situação
hoje. As pessoas querem segurança nas fronteiras antes". A
pergunta surgiu após ataque
vindo de seu principal oponente, o ex-governador Mitt Romney, em um dos duelos verbais
de uma noite pródiga neles.
"Esse não é um pensamento
republicano", havia dito Romney, sobre a proposta feita por
McCain em 2006. Quem é o
mais republicano: sob a sombra
do Air Force One usado por Ronald Reagan (1911-2004) e o
olhar da ex-primeira-dama
Nancy na platéia, essa foi a tônica do debate na quarta à noite
no hangar da Biblioteca Reagan, em Simi Valley, a duas horas de Los Angeles.
Mais bem posicionado nas
pesquisas depois da vitória na
Flórida na última terça,
McCain teve de voltar atrás em
outras posições "liberais" (menos conservadoras). Indagado
sobre a indicação por Reagan
em 1981 da juíza da Suprema
Corte Sandra O'Connor, uma
moderada como McCain, o ex-senador disse: "Os juizes que eu
indicaria estão mais alinhados
com [John] Roberts e [Samuel]
Alito, que têm uma trajetória
de interpretação fiel da Constituição dos EUA", citando os
dois conservadores indicados
por George W. Bush.
Schwarzenegger
Sua estratégia é arriscada:
conquistar a ala mais conservadora de seu partido e provar
que pode ser um candidato viável para bater um democrata
nas urnas. Com isso, porém, ele
pode alienar a base que lhe deu
sustentação até agora, os independentes insatisfeitos com
posições radicais de lado a lado.
"Ele acusa Romney de ser indeciso, mas veja o que ele fez
hoje à noite", provocava Tony
Strickland, estrategista político
do ex-governador, falando a
jornalistas depois do debate.
Ainda assim, horas após o encontro, McCain conseguiu o
cobiçado apoio de Arnold
Schwarzenegger, também presente na platéia de anteontem,
ao lado de Nancy Reagan.
"Ele é um homem público
fantástico e um grande herói
americano", disse o ex-ator e
governador da Califórnia, ao
anunciar o apoio, usando o
mesmo adjetivo que o ex-prefeito Rudolph Giuliani usara
antes, ao desistir da corrida.
"McCain tem provado repetidamente que cruza as linhas
entre os partidos para fazer as
coisas acontecerem", disse ele,
republicano mais ao centro.
O apoio vira a bússola para o
lado de McCain numa hora importante. O Estado de Schwarzenegger é o de maior peso eleitoral nos EUA e faz suas primárias na Superterça, na semana
que vem, quando mais de 20
Estados votam e quando pode
ficar mais claro quem serão os
candidatos dos dois partidos
nas eleições de 4 de novembro.
Só que este é o Estado com o
maior percentual de eleitores
de origem latina: são um terço
da população local, 60% dos
quais em situação legal para votar, segundo o Pew Hispanic
Center. Só 23% dos registrados
se dizem republicanos, ante
57% que se dizem democratas.
Na noite de ontem, foi a vez
de Hillary Clinton debater com
Barack Obama, em Hollywood.
Os dois retrocederam nos ataques que vinham trocando nos
últimos dias. A estratégia adotada por ambos foi, sempre que
possível, ressaltar as semelhanças de propostas entre eles e
criticar tanto os republicanos
quanto o governo Bush.
Mas houve espaço para diferenças. Hillary voltou a bater
na tecla da experiência, discutindo a Guerra do Iraque: "É
importante que o presidente
esteja pronto já no primeiro
dia". "Mas é mais importante
que o presidente esteja certo no
primeiro dia", rebateu Obama.
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