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Análise
Em um ano, Obama troca "engajamento" por mísseis
DE JERUSALÉM
Ao acionar um sistema de defesa no raio de ação mais próximo dos mísseis iranianos, o governo americano não deixa dúvidas de que fechou a porta para o diálogo com Teerã aberta
com a posse de Barack Obama.
Em um ano, a Casa Branca trocou a política do "engajamento" pela do "míssil por míssil".
Na semana passada, em Londres, a secretária de Estado, Hillary Clinton, reconheceu o fracasso do esforço americano de
engajar o Irã e deixou claro que
o próximo passo deve ser a aplicação de novas sanções.
Para o governo Obama, o que
está em jogo não é apenas sua
capacidade de influenciar o regime iraniano -por bem ou por
mal- a colaborar com a comunidade internacional. Há ainda
o risco permanente de que uma
corrida nuclear regional seja
deflagrada caso Teerã desenvolva armas atômicas.
A preocupação se estende à
própria credibilidade do sistema internacional de não proliferação nuclear, cujo tratado,
do qual o Irã é signatário, passará por uma revisão nos próximos meses.
Cada vez mais visível, a frustração do governo Obama com
o regime iraniano é compartilhada pela União Europeia, que
também caminha na direção de
sanções. Ontem, a nova chanceler europeia, Catherine Ashton, reiterou essa posição, defendendo que o tema seja encaminhado ao Conselho de Segurança da ONU, onde são votadas sanções.
Ashton se disse decepcionada com "a recusa do Irã em
aceitar o diálogo". Numa possível votação, é provável que
França e Reino Unido sigam os
passos dos EUA em defesa de
sanções. Mas China e Rússia, os
outros dois membros com direito a veto no Conselho de Segurança, por ora resistem a
aprovar punições contra Teerã.
Enquanto a diplomacia americana pressiona por medidas
restritivas, resta uma pequena
fresta para que o canal diplomático seja preservado, inclusive com propostas de inclusão
de novos mediadores, como o
Brasil. Mas pelo visto, o governo Obama já decidiu recolher
suas fichas dessa aposta.
(MN)
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