São Paulo, segunda-feira, 01 de fevereiro de 2010

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Análise

Em um ano, Obama troca "engajamento" por mísseis

DE JERUSALÉM

Ao acionar um sistema de defesa no raio de ação mais próximo dos mísseis iranianos, o governo americano não deixa dúvidas de que fechou a porta para o diálogo com Teerã aberta com a posse de Barack Obama. Em um ano, a Casa Branca trocou a política do "engajamento" pela do "míssil por míssil".
Na semana passada, em Londres, a secretária de Estado, Hillary Clinton, reconheceu o fracasso do esforço americano de engajar o Irã e deixou claro que o próximo passo deve ser a aplicação de novas sanções.
Para o governo Obama, o que está em jogo não é apenas sua capacidade de influenciar o regime iraniano -por bem ou por mal- a colaborar com a comunidade internacional. Há ainda o risco permanente de que uma corrida nuclear regional seja deflagrada caso Teerã desenvolva armas atômicas.
A preocupação se estende à própria credibilidade do sistema internacional de não proliferação nuclear, cujo tratado, do qual o Irã é signatário, passará por uma revisão nos próximos meses.
Cada vez mais visível, a frustração do governo Obama com o regime iraniano é compartilhada pela União Europeia, que também caminha na direção de sanções. Ontem, a nova chanceler europeia, Catherine Ashton, reiterou essa posição, defendendo que o tema seja encaminhado ao Conselho de Segurança da ONU, onde são votadas sanções.
Ashton se disse decepcionada com "a recusa do Irã em aceitar o diálogo". Numa possível votação, é provável que França e Reino Unido sigam os passos dos EUA em defesa de sanções. Mas China e Rússia, os outros dois membros com direito a veto no Conselho de Segurança, por ora resistem a aprovar punições contra Teerã.
Enquanto a diplomacia americana pressiona por medidas restritivas, resta uma pequena fresta para que o canal diplomático seja preservado, inclusive com propostas de inclusão de novos mediadores, como o Brasil. Mas pelo visto, o governo Obama já decidiu recolher suas fichas dessa aposta. (MN)


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