São Paulo, segunda-feira, 01 de fevereiro de 2010

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HAITI EM RUÍNAS

Americanos são detidos com crianças

Delegação de religiosos da Igreja Batista tentava levar 33 menores sem documentação para a República Dominicana

Segundo órgão responsável por adoções, a maioria tem familiares vivos; episódio acirra a polêmica acerca do tráfico infantil no país

DA REDAÇÃO

Dez americanos foram detidos ontem em Porto Príncipe, capital do Haiti, após tentarem atravessar a fronteira para a República Dominicana levando 33 crianças com idades entre dois meses e 12 anos, sem nenhuma documentação.
Segundo Patricia Vargas, diretora da organização que recebeu os menores em Croix de Bouquet, próximo de Porto Príncipe, o Instituto Haitiano de Bem-Estar Social, responsável por adoções, informou que a maioria das crianças tem família. Algumas garantiram que seus pais estão vivos, outras forneceram endereço e número de telefone de familiares.
O ministro da Assistência Social, Yves Cristallin, declarou que os americanos são suspeitos de participação em um esquema de adoção ilegal.
Membros da Igreja Batista, os americanos detidos alegaram que estavam tentando ajudar as crianças, levando-as a um orfanato no país vizinho.
"No caos em que se encontra o governo, estávamos apenas tentando fazer a coisa certa", disse Laura Silsby, porta-voz do grupo, no quartel-general da polícia judicial na capital, onde ficariam até a audiência com juiz, prevista para hoje.
Não houve acusação formal.
De acordo com Silsby, o grupo tinha documentos do governo dominicano, mas não procurou as autoridades haitianas antes de tentar atravessar a fronteira com as crianças.
Os americanos planejavam levar cem menores de ônibus para um hotel em Cabarete, na República Dominicana, que, segundo eles, seria transformado em orfanato. Os planos foram descritos em um site, onde eram pedidas doações.
O episódio coloca o grupo de religiosos americanos no centro de um tema polêmico no Haiti, uma vez que, seguindo recomendação do Unicef, o país suspendeu as adoções temendo que crianças perdidas ou órfãs fiquem mais vulneráveis ao tráfico infantil. Agora, a partida de qualquer criança deve ser autorizada pelo primeiro-ministro Max Bellerive.
A medida, porém, não cessou o fluxo de órfãos para o exterior. Ontem, o governador da Florida, Charile Crist, disse que o Estado já recebeu 300 órfãos haitianos depois da tragédia.
O tráfico infantil é um problema de longa data no país. Em 2007, a agência intergovernamental de migração International Organization for Migration divulgou que falsas agências de adoção ofereciam crianças para haitianos ricos e estrangeiro por US$ 10 mil.
Laura Silsby afirmou que o grupo não pagou pelas crianças, que teriam sido encaminhadas por um pastor haitiano chamado Jean Sanbil.
George Willeit, porta-voz da organização SOS Children's Village, que acolheu as 33 crianças, disse que elas chegaram à instituição com fome e desidratadas. Todas tinham seus nomes escritos em etiquetas cor-de-rosa coladas às camisetas.
De acordo com Sean Lankford, de Meridian, Idaho, cujas mulher e filha integram o grupo detido no Haiti, diplomatas americanos se encontraram com os detidos. "As acusações são de tráfico infantil, o que é completamente fora da realidade", disse. O grupo inclui membros da Central Valley Baptist Church, em Meridian, e da East Side Baptist Church, em Twin Falls, ambas em Idaho.


Com agências internacionais


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