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HAITI EM RUÍNAS
Americanos são detidos com crianças
Delegação de religiosos da Igreja Batista tentava levar 33 menores sem documentação para a República Dominicana
Segundo órgão responsável por adoções, a maioria tem familiares vivos; episódio acirra a polêmica acerca
do tráfico infantil no país
DA REDAÇÃO
Dez americanos foram detidos ontem em Porto Príncipe,
capital do Haiti, após tentarem
atravessar a fronteira para a
República Dominicana levando
33 crianças com idades entre
dois meses e 12 anos, sem nenhuma documentação.
Segundo Patricia Vargas, diretora da organização que recebeu os menores em Croix de
Bouquet, próximo de Porto
Príncipe, o Instituto Haitiano
de Bem-Estar Social, responsável por adoções, informou que a
maioria das crianças tem família. Algumas garantiram que
seus pais estão vivos, outras
forneceram endereço e número de telefone de familiares.
O ministro da Assistência Social, Yves Cristallin, declarou
que os americanos são suspeitos de participação em um esquema de adoção ilegal.
Membros da Igreja Batista,
os americanos detidos alegaram que estavam tentando ajudar as crianças, levando-as a
um orfanato no país vizinho.
"No caos em que se encontra
o governo, estávamos apenas
tentando fazer a coisa certa",
disse Laura Silsby, porta-voz do
grupo, no quartel-general da
polícia judicial na capital, onde
ficariam até a audiência com
juiz, prevista para hoje.
Não houve acusação formal.
De acordo com Silsby, o grupo tinha documentos do governo dominicano, mas não procurou as autoridades haitianas
antes de tentar atravessar a
fronteira com as crianças.
Os americanos planejavam
levar cem menores de ônibus
para um hotel em Cabarete, na
República Dominicana, que,
segundo eles, seria transformado em orfanato. Os planos foram descritos em um site, onde
eram pedidas doações.
O episódio coloca o grupo de
religiosos americanos no centro de um tema polêmico no
Haiti, uma vez que, seguindo
recomendação do Unicef, o
país suspendeu as adoções temendo que crianças perdidas
ou órfãs fiquem mais vulneráveis ao tráfico infantil. Agora, a
partida de qualquer criança deve ser autorizada pelo primeiro-ministro Max Bellerive.
A medida, porém, não cessou
o fluxo de órfãos para o exterior. Ontem, o governador da
Florida, Charile Crist, disse que
o Estado já recebeu 300 órfãos
haitianos depois da tragédia.
O tráfico infantil é um problema de longa data no país.
Em 2007, a agência intergovernamental de migração International Organization for Migration divulgou que falsas agências de adoção ofereciam crianças para haitianos ricos e estrangeiro por US$ 10 mil.
Laura Silsby afirmou que o
grupo não pagou pelas crianças, que teriam sido encaminhadas por um pastor haitiano
chamado Jean Sanbil.
George Willeit, porta-voz da
organização SOS Children's Village, que acolheu as 33 crianças, disse que elas chegaram à
instituição com fome e desidratadas. Todas tinham seus nomes escritos em etiquetas cor-de-rosa coladas às camisetas.
De acordo com Sean Lankford, de Meridian, Idaho, cujas
mulher e filha integram o grupo detido no Haiti, diplomatas
americanos se encontraram
com os detidos. "As acusações
são de tráfico infantil, o que é
completamente fora da realidade", disse. O grupo inclui membros da Central Valley Baptist
Church, em Meridian, e da East
Side Baptist Church, em Twin
Falls, ambas em Idaho.
Com agências internacionais
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