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São Paulo, sábado, 01 de março de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Moscou diz que "não apóia nenhuma resolução que possa abrir caminho para uma solução armada"

Rússia ameaça utilizar seu veto na ONU

Jason Reed/Reuters
Soldados dos EUA preparam-se para embarcar em vôo comercial fretado, em Kentucky; EUA terão 225 mil militares no golfo Pérsico


DA REDAÇÃO

O chanceler russo, Igor Ivanov, disse ontem que seu país se opõe a uma resolução da ONU que possa abrir caminho para uma guerra contra o Iraque e recusou-se a descartar a possibilidade de Moscou usar seu direito de veto para impedir que o projeto que está sendo debatido no Conselho de Segurança (CS) seja aprovado.
"A Rússia não apóia nenhuma resolução que possa, direta ou indiretamente, abrir caminho para uma solução armada para o problema iraquiano", declarou Ivanov, em Pequim, após reunir-se com autoridades chinesas.
"Naturalmente, a Rússia tem o direito de vetar [projetos de resolução no CS]. Se isso for necessário para manter a estabilidade internacional, a Rússia, logicamente, fará uso desse direito", acrescentou Ivanov. "Os membros permanentes do CS têm direito de veto. Devemos usá-lo com muita responsabilidade em casos em que a paz mundial está em risco."
Porém Ivanov exortou os membros do CS a buscar uma posição comum. "Para a Rússia, o CS deverá estar unido, sobretudo seus membros permanentes", disse. "Só aceitaríamos uma segunda resolução se ela fosse necessária para apoiar o trabalho dos inspetores da ONU."
Anteontem, em Pequim, num comunicado conjunto, a Rússia e a China rejeitaram os esforços americanos para conseguir a anuência da ONU à guerra, afirmando que o conflito contra o Iraque "pode e deve ser evitado".
Os EUA classificaram três grupos guerrilheiros tchetchenos de "organizações terroristas", "congelando todos os ativos" que eles têm no país, medida que vinha sendo requisitada por Moscou havia mais de um ano. Segundo autoridades americanas, essa decisão não tem relação com as discussões sobre a crise iraquiana.
O CS está dividido entre os países que apóiam a posição americana e os que são contrários a ela, liderados pela França. Num esforço para convencer os membros do CS a não apoiar o projeto dos EUA, a França e a Rússia continuam a defender propostas que permitiriam a permanência dos inspetores da ONU no Iraque.
Nenhuma votação sobre o tema deverá ocorrer na próxima semana, segundo especialistas. Todos os esforços diplomáticos estão voltados para os seis países que ainda não definiram claramente sua posição sobre o assunto -México, Chile, Paquistão, Angola, Camarões e Guiné.
Para aprovar uma resolução no CS são necessários 9 dos 15 votos, contanto que nenhum dos cinco membros permanentes (EUA, Reino Unido, Rússia, China e França) apresente um veto. A estratégia dos EUA parece ser buscar os nove votos e obrigar franceses, chineses ou russos a ter de vetar o projeto, assumindo responsabilidade pela falta de consenso.
A França busca impedir que os EUA obtenham os nove votos no CS. Afinal, com isso, ela não teria de tomar nenhuma decisão sobre a possibilidade de vetar a iniciativa americana na ONU.
Paris saudou a decisão iraquiana de destruir seus mísseis Al Samoud 2. Segundo pesquisa divulgada ontem, 70% dos franceses crêem que o país deva usar seu direito de veto para impedir um ataque ao Iraque.
Em Londres, o premiê Tony Blair disse que existe uma "real ameaça terrorista" e que cabe à comunidade internacional impedir que os terroristas adquiram armas de destruição em massa. Saddam é acusado de não querer desfazer-se de suas armas desse gênero.
Os EUA estão prestes a concluir sua movimentação militar de preparação para a guerra. Em breve, o país contará com 225 mil soldados na região do golfo Pérsico.

Com agências internacionais


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