São Paulo, domingo, 01 de março de 2009

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Obama põe educação no topo de agenda e planeja reforma

Presidente pretende triplicar verba do setor para US$ 150 bi, mudar políticas de Bush e diminuir índice de abandono

Pilares são a educação de crianças menores, melhora das escolas públicas e maior acesso ao ensino superior

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Em sua ambiciosa proposta de gastos públicos, o presidente Barack Obama quer dar à educação nos EUA quase US$ 150 bilhões em gastos discricionários já no primeiro ano de governo. É um aumento de mais de 200% em relação ao que George W. Bush pediu ao chegar ao poder. Mas a revolução prometida por Obama vai além da verba e sacode primordialmente as políticas para o setor.
"Meu Orçamento apoia um investimento histórico em educação (...) ao equilibrar novos fundos com novas reformas", afirmou o novo presidente ao Congresso na última quinta.
Da verba sugerida, US$ 46,7 bilhões são em gastos discricionários do Orçamento para o departamento. Outros US$ 100 bilhões vêm do pacote de estímulo da economia, aprovado separadamente pelos legisladores, e já estão nos cofres do órgão. E a conta não inclui gastos hoje discricionários mas que o novo governo quer tornar obrigatórios, como bolsas para estudantes universitários de baixa renda.
A proposta de Obama destaca três pontos. O primeiro é investir na educação de crianças de 0 a 5 anos. O segundo é fortalecer e reformar escolas públicas ao ajudar Estados a desenvolver bons padrões de testes, melhorar métodos de ensino e recompensar bons professores. E o último é expandir oportunidades nas universidades por meio de empréstimos estudantis e cortes de impostos para baixar as mensalidades.

Bush
Mas propagar a intenção de transformar o ensino não é exclusividade do novo presidente. Em 2001, em seu primeiro discurso aos legisladores, Bush afirmara que "o maior aumento percentual de nosso Orçamento deve ir para a educação de nossas crianças. Educação é minha prioridade". Em sua estreia, aliás, Bush dedicou muito mais tempo ao tema do que Obama. E remodelou já nos primeiros dias do mandato um programa abrangente, rebatizando-o de "Nenhuma Criança Ficará para Trás".
O programa buscava mais ênfase em resultados de testes, mais liberdades para Estados e comunidades, uso de métodos educacionais "comprovados" e mais opções para os pais.
Algumas medidas foram quase unanimemente elogiadas, como a exigência de divulgação de resultados de minorias, o que revelou lacunas entre os grupos. Mas boa parte dos especialistas afirma que o resultado final foi negativo, com Estados relaxando testes de aferição por medo de fracassarem e serem penalizados ao receberem fundos do governo.
Oito anos depois, a imagem do programa é tão ruim que o novo secretário da Educação, Arne Duncan, quer mudar seu nome. Entre as sugestões irônicas aventadas na mídia estão "Nenhum Espertinho Ficará para Trás" e "Nenhuma Criança Ficará sem Teste".
De toda forma, o acúmulo de esforços ineficazes resultou na continuidade de problemas no treinamento de professores, falta de padrões nacionais de prestação de contas, diferenças gritantes nos resultados de alunos por raça/grupo e perda de qualidade ante outros países desenvolvidos. Há ainda o que Obama chama de "crise de abandono da escola", que afeta 22% dos estudantes hispânicos e 10,7% dos negros.
O presidente ainda precisará dobrar a resistência de republicanos e democratas mais conservadores na área fiscal para aprovar seu Orçamento. Esforço e oratória, no passado, não chegaram muito longe.


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