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Obama põe educação no topo de agenda e planeja reforma
Presidente pretende triplicar verba do setor para US$ 150 bi, mudar políticas de Bush e diminuir índice de abandono
Pilares são a educação de crianças menores, melhora das escolas públicas e maior acesso ao ensino superior
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Em sua ambiciosa proposta
de gastos públicos, o presidente
Barack Obama quer dar à educação nos EUA quase US$ 150
bilhões em gastos discricionários já no primeiro ano de governo. É um aumento de mais
de 200% em relação ao que
George W. Bush pediu ao chegar ao poder. Mas a revolução
prometida por Obama vai além
da verba e sacode primordialmente as políticas para o setor.
"Meu Orçamento apoia um
investimento histórico em educação (...) ao equilibrar novos
fundos com novas reformas",
afirmou o novo presidente ao
Congresso na última quinta.
Da verba sugerida, US$ 46,7
bilhões são em gastos discricionários do Orçamento para o departamento. Outros US$ 100
bilhões vêm do pacote de estímulo da economia, aprovado
separadamente pelos legisladores, e já estão nos cofres do
órgão. E a conta não inclui gastos hoje discricionários mas
que o novo governo quer tornar
obrigatórios, como bolsas para
estudantes universitários de
baixa renda.
A proposta de Obama destaca três pontos. O primeiro é investir na educação de crianças
de 0 a 5 anos. O segundo é fortalecer e reformar escolas públicas ao ajudar Estados a desenvolver bons padrões de testes,
melhorar métodos de ensino e
recompensar bons professores.
E o último é expandir oportunidades nas universidades por
meio de empréstimos estudantis e cortes de impostos para
baixar as mensalidades.
Bush
Mas propagar a intenção de
transformar o ensino não é exclusividade do novo presidente.
Em 2001, em seu primeiro discurso aos legisladores, Bush
afirmara que "o maior aumento
percentual de nosso Orçamento deve ir para a educação de
nossas crianças. Educação é
minha prioridade". Em sua estreia, aliás, Bush dedicou muito
mais tempo ao tema do que
Obama. E remodelou já nos primeiros dias do mandato um
programa abrangente, rebatizando-o de "Nenhuma Criança
Ficará para Trás".
O programa buscava mais
ênfase em resultados de testes,
mais liberdades para Estados e
comunidades, uso de métodos
educacionais "comprovados" e
mais opções para os pais.
Algumas medidas foram quase unanimemente elogiadas,
como a exigência de divulgação
de resultados de minorias, o
que revelou lacunas entre os
grupos. Mas boa parte dos especialistas afirma que o resultado final foi negativo, com Estados relaxando testes de aferição por medo de fracassarem e
serem penalizados ao receberem fundos do governo.
Oito anos depois, a imagem
do programa é tão ruim que o
novo secretário da Educação,
Arne Duncan, quer mudar seu
nome. Entre as sugestões irônicas aventadas na mídia estão
"Nenhum Espertinho Ficará
para Trás" e "Nenhuma Criança Ficará sem Teste".
De toda forma, o acúmulo de
esforços ineficazes resultou na
continuidade de problemas no
treinamento de professores,
falta de padrões nacionais de
prestação de contas, diferenças
gritantes nos resultados de alunos por raça/grupo e perda de
qualidade ante outros países
desenvolvidos. Há ainda o que
Obama chama de "crise de
abandono da escola", que afeta
22% dos estudantes hispânicos
e 10,7% dos negros.
O presidente ainda precisará
dobrar a resistência de republicanos e democratas mais conservadores na área fiscal para
aprovar seu Orçamento. Esforço e oratória, no passado, não
chegaram muito longe.
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