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Política de impostos é a espinha do projeto
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON
A história da economia dos
EUA nos últimos 70 anos pode
ser dividida a grosso modo em
dois períodos: as décadas imediatamente seguintes à Segunda Guerra, quando a desigualdade diminuiu muito, e as últimas três décadas, quando as
forças econômicas globais e a
política governamental a fizeram aumentar em ritmo vertiginoso. Barack Obama se prepara para iniciar um terceiro
período, mais semelhante ao
primeiro do que ao segundo.
A agenda começa com os impostos. Nas últimas três décadas, a renda pré-impostos das
famílias ricas subiu muito mais
que a das demais, enquanto as
alíquotas dos setores que mais
ganham foram as que mais caíram, segundo o Escritório Orçamentário do Congresso.
Como resultado, a renda média pós-imposto do 1% das famílias mais ricas saltou aproximadamente US$ 1 milhão desde 1979 (contada a inflação),
chegando a US$ 1,4 milhão. Já a
renda média geral subiu apenas
um pouco mais que a inflação.
Antes de tornar-se o principal assessor econômico de
Obama, Lawrence Summers
dizia que, com o aumento na
desigualdade, era como se cada
família que integrava os 80%
inferiores do bolo de renda na
prática estivesse remetendo
anualmente um cheque de US$
10 mil ao 1% mais rico.
O Orçamento de Obama reflete essa percepção. Os especialistas ainda estão estudando
os detalhes, mas parece que os
vários cortes e créditos tributários voltados à classe média e
aos pobres vão aumentar a renda final da família média em
cerca de US$ 800.
Enquanto isso, o aumento
dos impostos sobre o 1% mais
rico provavelmente custará a
eles US$ 100 mil por ano.
"O código fiscal ficará mais
progressista, com índices relativamente altos cobrados dos
ricos e relativamente mais baixos da classe média e dos pobres", disse Roberton Williams,
membro sênior do Centro de
Política Tributária, em Washington. "Isso é uma inversão
da política de Bush."
E, assim como o aumento de
taxação sobre os ricos imposto
por Franklin Roosevelt se seguiu a um crash da Bolsa, que já
tinha deprimido a renda deles,
as propostas de Obama, se forem aprovadas, farão o mesmo.
Essa combinação tem o potencial de reverter uma parte importante da tendência de desigualdade das últimas décadas.
Mas, para que o país repita o
padrão pós-Segunda Guerra,
será preciso que a renda da
maioria das famílias também
suba mais rápido do que tem
subido desde a década de 70.
Essa hipótese ainda é incerta.
Economistas dizem ser pouco
provável, nos próximos anos,
que a economia americana
cresça como nos anos 50 ou 60.
Saúde e educação
Obama pretende elevar a
renda da classe média e dos pobres por dois canais principais.
O primeiro é reformar a saúde
para reduzir o valor gasto com
seguro -hoje uma parcela
grande a pesar nos salários.
O outro canal é a educação.
Nas últimas três décadas, os salários de profissionais com formação universitária subiram
muito mais que os dos trabalhadores menos instruídos.
Obama quer levar os trabalhadores para a primeira categoria,
ampliando a assistência financeira federal e simplificando os
programas de assistência.
E, nos últimos anos, os EUA
perderam a posição como país
em que mais adultos jovens se
formam na universidade.
"Os jovens de famílias de renda baixa e média frequentemente não aspiram a fazer faculdade", disse o diretor do Escritório de Administração e Orçamento, Peter Orszag.
"Eles ouvem falar das "taxas
anuais de US$ 40 mil" e acham
impossível."
Tradução de CLARA ALLAIN
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