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BRASIL NO FRONT
Sonho antigo de Dylan Rios Matz acabou em convocação de guerra
Brasileiro reforça tropa dos EUA
LUCIANA COELHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O correio eletrônico da florista
Nélia Rios, 50, nunca lhe foi tão
caro. Nele está sua única forma
de contato com o filho Dylan
Rios Matz, 28, um pára-quedista do Exército americano convocado para a guerra no Iraque.
"Sorte que ele está no Kuait",
diz ela com uma fala contida.
No primeiro dia em que falou
com a reportagem da Folha,
Nélia ainda não havia recebido
notícias do filho, pela primeira
vez desde que o conflito começara, no dia 20. Ela só recebeu o
e-mail no dia seguinte, quando
fez um desabafo mais longo.
"Ele não sabe de nada do que vai
se seguir pela frente."
Dylan nasceu em São Paulo e,
como seu pai é americano, tem
dupla cidadania. Há cinco anos
- seis meses após se mudar para Nova York- entrou para o
Exército. "Não houve argumento que o fizesse desistir", diz Nélia, que dois anos antes dissuadira o caçula, Danilo, 25.
Pela mulher e a enteada,
Dylan pediu transferência para
o setor de recursos humanos.
Mas a convocação, em novembro, parou o processo.
Desde janeiro, ele está em
uma base no deserto do Kuait,
onde embala veículos e utensílios jogados por aviões às tropas
americanas em campo. "Eu tinha quase certeza de que ele enfrentaria uma guerra", diz Nélia.
"Mas uma mãe fica desesperada
quando isso se confirma."
Após a convocação, a primeira providência de Nélia foi viajar
para os EUA e passar 40 dias
com o filho. Desde então, sua
rotina é norteada por e-mails.
"Quando vem [e-mail], já ganho ânimo logo cedo", diz. As
mensagens são enviadas de um
centro educacional no acampamento. Antes de a guerra começar, eram cinco computadores.
Agora são dois, e a fila cresceu.
Os telefones foram cortados.
"Antes da guerra, ele estava
entediado, mandava e-mails sobre a areia... Agora ele está na
"adrenalina", dorme pouco."
A mãe responde com notícias
da família e votos de força, mas
nem sempre sente a paz que
tenta passar ao filho.
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