São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Mortes ocorreram em Fallujah, bastião anti-EUA no país; cinco soldados são mortos em ataque na mesma área

Iraquianos trucidam 4 civis americanos

Sabah Arar/France Presse
Iraquianos penduram o corpo de um dos quatro civis americanos trucidados em Fallujah (Iraque)


DA REDAÇÃO

Em um dos dias mais violentos desde o fim da Guerra do Iraque, há quase um ano, habitantes de Fallujah arrastaram pelas ruas os corpos mutilados de quatro civis americanos, os apedrejaram e depois os penduraram em uma ponte. As vítimas haviam sido mortas minutos antes em ataque de insurgentes contra os carros nos quais viajavam.
Em outro episódio nas proximidades de Fallujah, cinco soldados americanos foram mortos em atentado à bomba. A cidade, localizada 55 km a oeste de Bagdá, se localiza no chamado Triângulo Sunita, um dos principais focos de resistência à ocupação dos EUA e de apoio ao antigo regime do ex-ditador Saddam Hussein.
Jornalistas que testemunharam o que a população fez com os corpos das vítimas disseram que o episódio lembrou as cenas de corpos de soldados americanos sendo arrastados nas ruas de Mogadício (Somália), em 1993. Em novembro passado, soldados americanos também foram trucidados em Mossul (norte do Iraque). O incidente na Somália contribuiu para que a opinião pública dos EUA pressionasse o governo a retirar suas tropas do país africano.
Em Bagdá, o general americano Mark Kimmitt disse que as vítimas eram funcionários que estavam no país a serviço da coalizão.
Imagens de TV mostraram um dos corpos sendo chutado e recebendo golpes de barras de ferros. Os habitantes da cidade entoavam gritos como "nós sacrificaremos nossa alma e nosso sangue pelo islã" e "Fallujah é o túmulo dos americanos". Um iraquiano ateou fogo em um dos corpos que estava no chão. Outros dois foram amarrados a um carro que os arrastou pelas ruas da cidade. Mais tarde, dois corpos foram pendurados em uma ponte sobre o rio Eufrates.
Abdul Aziz Mohammed, morador da cidade, disse que "as pessoas de Fallujah penduraram os corpos nas pontes como se fossem ovelhas abatidas".
"Estou feliz em ver isso. Os americanos ocupam nossa terra, e isso é o que acontecerá", disse Mohammad, um menino de 12 anos. Outro menino, de dez anos, ironizou o presidente dos EUA, George W. Bush: "Onde está Bush? Ele tem que ver isso".
"Esse será o destino de todos os americanos que vierem a Fallujah", disse Mohammad Nafik, um dos vários iraquianos da multidão que trucidou os corpos.
Um menino chutava um dos corpos em meio a gritos entusiasmados da multidão. Os iraquianos faziam o sinal da vitória com os dedos para celebrar as mortes.
Apesar de haver um grande número de estações de polícia e uma base com 4.000 marines em Fallujah, nenhum militar americano ou policial iraquiano apareceu para conter a fúria da população.
Fallujah é uma das cidades mais violentas do Iraque desde o início da ocupação. Quase diariamente, militares americanos são alvo de ataques de insurgentes. No fim de abril de 2003, após a queda de Saddam, soldados dos EUA dispararam contra manifestantes na cidade, matando 15 pessoas. Os EUA disseram na época que foram alvo de disparos antes.
A Casa Branca culpou terroristas e remanescentes do antigo regime de Saddam pelos ataques de ontem. O porta-voz Scott McClellan disse que os ataques foram "terríveis e desprezíveis". "Os inimigos da liberdade e do povo iraquiano estão tentando abalar nossa determinação, mas não conseguirão. Não seremos intimidados." O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, disse que "as vítimas morreram em nome da democracia".

Inteligência
O Conselho de Governo Iraquiano anunciou a adoção de uma lei que cria uma agência de inteligência iraquiana que poderá recolher e analisar informações, mas não poderá realizar prisões.

Com agências internacionais


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