|
Próximo Texto | Índice
ORIENTE MÉDIO
Helena Halevy, que vivia em Israel havia 40 anos, deu carona ao terrorista, que estava disfarçado de judeu
Brasileira é morta por suicida palestino
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA FOLHA, DE TEL AVIV
A brasileira Helena Halevy, 60,
foi morta no atentado cometido
por um homem-bomba palestino
na noite de quinta-feira, em seu
carro, numa estrada da Cisjordânia. Helena, o marido Rafi e outros dois israelenses morreram
quando um terrorista detonou
explosivos no carro do casal, perto de um posto de gasolina na entrada do assentamento de Kedumim, no norte da Cisjordânia.
Segundo a polícia, havia cerca
de 10 quilos de explosivos e parte
do carro, que pegou fogo durante
uma hora, foram encontrados a
60 metros de distância. A suspeita
é de que Helena e Rafi deram carona para o terrorista, achando
que ele também era judeu. A polícia informou que o suicida estava
vestido como judeu para enganar
os colonos e cometer o atentado.
Amigos da brasileira acreditam
que a intenção do suicida era entrar no assentamento e matar um
número maior de pessoas. Helena
Halevy será enterrada amanhã,
no cemitério do assentamento judaico, onde morava.
Os jovens israelenses que estavam no carro, de 20 e 16 anos,
também viajavam de carona com
a brasileira e o marido. A prática
de dar carona é comum entre os
colonos nas estradas da Cisjordânia exclusivas para judeus.
O terrorista foi identificado como Mahmoud Masharka, 24, do
campo de refugiados de El Bureij,
perto de Hebron. Masharka foi
preso pelas autoridades palestinas por planejar atentados, mas
foi libertado em março. Desde então, era procurado por Israel.
A embaixada do Brasil em Tel
Aviv ainda não decidiu se mandará uma representação para o enterro da brasileira. O Itamaraty
divulgou comunicado lamentando a morte da brasileira, no qual
"condena com veemência esse injustificável ato de violência".
Helena imigrou para Israel há
40 anos. Foi voluntária em um kibutz, onde conheceu o marido,
que era de uma família religiosa.
Há cerca de 15 anos mudaram-se
para o assentamento de Kedumim com os quatro filhos.
Helena deixa duas filhas e dois
filhos. Um deles, chamado Oded,
é comandante de um batalhão de
coleta de inteligência militar na
faixa de Gaza. A brasileira tinha
também um neto e duas netas.
A facção Brigadas de Mártires
de Al Aqsa, ligada ao Fatah, partido do presidente palestino, Mahmoud Abbas, assumiu a autoria
do atentado, em aparente vingança por ações de Israel contra o
grupo nos últimos meses.
Em retaliação ao ataque que
matou a brasileira, o Exército de
Israel intensificou as patrulhas na
região e restringiu a movimentação de homens de 16 a 32 anos de
idade. Na manhã de ontem, tropas do Exército de Israel entraram
na casa do suicida e prenderam
seu irmão, também por suspeita
de planejar ataques.
O ministro da Defesa de Israel,
Shaul Mofaz, responsabilizou o
Hamas pelo ataque, por não combater a violência. A líder do conselho regional de Kedumim, Daniela Weiss, culpou o premiê interino de Israel, Ehud Olmert. "O discurso da vitória de Olmert é um
discurso de concessões. A política
de fugir do terrorismo traz mais
assassinatos", disse Weiss.
O partido de Olmert, o Kadima,
fez a maior bancada do Parlamento israelense na eleição desta semana. No discurso da vitória, ele
disse estar disposto a devolver territórios aos palestinos. Também
nesta semana, o grupo terrorista
Hamas assumiu o controle da Autoridade Nacional Palestina.
Helena é a mais recente vítima
brasileira do conflito no Oriente
Médio. Em julho do ano passado,
a brasileira Dana Galkovitz, de 22
anos, morreu ao ser atingida por
um morteiro disparado por palestinos da faixa de Gaza. Ela estava
na varanda da casa do namorado,
em uma fazenda perto da região,
quando foi atingida.
Em novembro de 2004, o brasileiro Ghassan Othman Mussa,
também de 22 anos, foi morto a tiros por soldados de Israel em Ramallah, na Cisjordânia. O Exército do país disse que ele era terrorista e disparou contra as tropas
ao ser interpelado, mas a família
do rapaz negou envolvimento dele com grupos ilegais.
Em agosto de 2001, o turista brasileiro Giora Balach, de 60 anos,
morreu em um atentado suicida
em um pizzaria no centro de Jerusalém. Outras 14 pessoas também
morreram.
Próximo Texto: Oriente Médio: Vítima brasileira era idealista, diz família Índice
|