|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Programa integra universidades para forjar "jovem UE"
Em meio à festa do cinqüentenário, Projeto Erasmus completa 20 anos buscando fortalecer "identidade européia" e integração
Mais de um milhão já passaram pelas escolas do programa, cujo desafio é aumentar a participação
de países do Leste Europeu
RENATA SUMMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Enquanto a Europa comemora os 50 anos do Tratado de
Roma, os universitários europeus se preparam para outra
comemoração: os vinte anos do
programa de intercâmbio Erasmus, que já movimentou 1,2
milhão de estudantes entre
universidades européias.
O programa, organizado pela
Comissão Européia com a ajuda de escritórios nacionais, integra nove entre dez universidades de 31 países -inclusive
quatro não pertencentes à UE,
como Turquia e Noruega. Em
1987, apenas 3.244 estudantes
participaram do programa. Em
2005, foram quase 150 mil, e os
organizadores esperam atingir
3 milhões até o final de 2012.
Porém para a vice-presidente da Rede Internacional de Estudantes Erasmus, a polonesa
Ewa Krzaklewska, a iniciativa
vai muito além de um programa de intercâmbio.
"Uma das razões principais
pela qual o Erasmus foi criado
foi para que o estudante percebesse que há uma educação européia. As universidades passaram a trabalhar em conjunto e
isso é muito importante para a
integração da Europa," explica.
Mais europeus
Krzaklewska ressalta o lado
político do programa, que tem
como um dos principais objetivos constituir uma identidade
européia entre os jovens para
fortalecer a UE: "Muitos estudantes, depois do Erasmus, dizem que se sentem mais parte
da Europa, mais europeus".
"A Europa não tenta convencer as gerações mais velhas. Ela
investe nos jovens e está funcionando", diz Marrie Mosca,
26, administradora francesa
que fez Erasmus na Helsinki
School of Economics, em 2003.
Para Mosca, o programa a
ajudou a "abrir as portas da Europa" e sua experiência na Finlândia foi fundamental para
que aceitasse, depois, um trabalho na Universidade de Sófia,
na Bulgária, onde vive agora.
"O programa me permitiu ter
uma experiência no exterior
que a minha família não pôde
financiar. O Erasmus pode corrigir desigualdades em relação
a essa experiência muito apreciada pelas empresas." De fato,
80% dos estudantes Erasmus
dizem ser os primeiros da família a estudar no exterior.
Símbolo de uma geração, o
estilo de vida Erasmus pode ser
conferido no filme "Albergue
Espanhol" (2002), do diretor
francês Cédric Klapisch. O longa respeitou o espírito do programa: é uma co-produção
francesa e espanhola, da qual
participam atores de diversas
nacionalidades. Klapisch se
inspirou na experiência da irmã, uma estudante Erasmus na
Espanha -país que mais recebe esse tipo de estudantes. A
França é o que mais "exporta".
Para Krzaklewska, o Erasmus foi um dos fatores que impulsionaram a formulação do
processo de Bolonha, que teve
início em 1999 e tem como objetivo a integração dos sistemas
universitários europeus.
A idéia é que diplomas de um
país sejam reconhecidos nos
outros da rede. Para isso, as
universidades têm passado por
reformulações. "Até países que
não fazem parte da UE e do
Erasmus, como a Rússia, estão
se adaptando", diz.
Mas nem tudo é perfeito. Os
países da Europa ocidental
continuam a liderar, de longe, o
ranking dos que mais recebem
e enviam estudantes. O número de europeus ocidentais que
vão para o Leste Europeu ainda
é pequeno, mostrando que a
"união" européia ainda precisa
de um incentivo. Além disso,
estudantes reclamam do baixo
valor da bolsa paga pela UE.
Texto Anterior: [+]Artigo: Invasão foi movida pela arrogância Próximo Texto: Coreanas expõem ferida que Japão deixou Índice
|