São Paulo, quarta-feira, 01 de abril de 2009

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Netanyahu assume com megaministério

Novo premiê israelense fala em paz com palestinos, cita ameaça nuclear do Irã e prioriza solução da crise e segurança

Gabinete de conservador abrange desde ortodoxos a ultranacionalistas laicos e esquerdistas; direitista evita falar em Estado palestino


DA REDAÇÃO

O Knesset, Parlamento israelense, oficializou ontem Binyamin Netanyahu, 59, como premiê. Após mais de seis horas de debate, o governo do direitista Likud foi confirmado por 69 votos contra 45. Com 30 cargos ministeriais, ele chefiará o gabinete com maior número de pastas nos mais de 60 anos de história do Estado de Israel.
O novo governo é um amplo e heterogêneo grupo, composto por um partido religioso ortodoxo (Shas), um religioso nacionalista (Casa Judaica), um ultranacionalista laico de direita (Israel Beitenu), um de centro-esquerda (Trabalhista) e pelo conservador Likud.
Para acomodar aliados, Netanyahu criou novas pastas -tantas que os marceneiros do Parlamento precisaram trabalhar na madrugada para ampliar a mesa do gabinete.
Há um ministério (Saúde) reservado ao Judaísmo Unido da Torá a ser assumido assim que o partido finalizar as negociações para ingressar na coalizão. Só uma pasta (Justiça) terá titular sem filiação partidária.
Em 1996, ao assumir como o mais jovem premiê da história israelense, ele se gabou de um gabinete enxuto (18 membros).
No discurso de ontem, o linha-dura repetiu falas recentes, afirmando que buscará a paz. Crítico da solução de dois Estados, norte das negociações desde 1993, ele entretanto não falou em "Estado palestino".
Ao tratar de suas prioridades, citou a crise econômica e a segurança. "O maior risco para a humanidade e para nosso país é a possibilidade de um regime radical se equipar com armas nucleares. Não devemos permitir a ninguém colocar um ponto de interrogação sobre nossa existência", afirmou, em clara alusão ao Irã.

Reações
A repercussão ao novo premiê e seu governo foi negativa.
A ex-chanceler Tzipi Livni, a quem Netanyahu cortejou para ingressar na coalizão e trazer junto o Kadima (centro-direita) desde a eleição de 10 de fevereiro, disse que é um "governo inchado".
Nabil Abu Rudeina, porta-voz da Autoridade Nacional Palestina, afirmou que "não foi um início empolgante" e instou os EUA a pressionarem pela concessão territorial. Abdullah Abdullah, dirigente do Fatah, grupo dominante na ANP, disse que há no governo "perigosos partidos racistas e fascistas".
Até o grupo islâmico Hamas, que alegara não ver diferenças entre quaisquer governos de Israel, disse que o novo gabinete "levará a região de mal a pior".
O Egito se opôs à indicação de Avigdor Liberman, que em 2008 mandou "ao inferno" o ditador Hosni Mubarak, a chanceler. O Cairo quer um pedido de desculpas antes de recebê-lo, disse o "Financial Times".


Com agências internacionais


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