São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2010

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China agora aceita debater sanções ao Irã

Pequim prometeu participar das conversas sobre novas punições contra aliado persa, segundo representante americana

Teerã envia emissário para convencer chineses a não cederem à pressão dos EUA; governo iraniano nega querer uma bomba nuclear


DA REDAÇÃO

A China recuou de sua posição inicial e já aceita discutir com as demais potências do Conselho de Segurança da ONU a possibilidade de impor novas sanções ao Irã, segundo revelou ontem a embaixadora dos EUA no órgão, Susan Rice.
A China era até então o único dos cinco membros permanente do CS que ameaçava usar seu poder de veto para barrar qualquer tentativa de resolução punitiva contra o Irã, um importante parceiro político e econômico de Pequim.
Os demais membros do CS -EUA, França, Reino Unido e, em menor grau, a Rússia, que mantém fortes vínculos com o Irã- defendem há meses a adoção de medidas para sancionar o regime iraniano por seu programa nuclear, suspeito de ter fins militares. Teerã nega.
Rice disse que a China prometeu iniciar "negociações sérias" no CS sobre sanções ao Irã nos próximos dias. A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que os negociadores do dossiê -os cinco membros permanentes do conselho mais a Alemanha- estão unidos sobre o tema.
A disposição do governo chinês em conversar sobre sanções ao Irã não havia sido confirmada oficialmente por Pequim até o fechamento desta edição.
A mídia oficial iraniana informou que o principal negociador nuclear de Teerã, Said Jalili, embarcou na noite de ontem rumo a Pequim, num aparente esforço para convencer os aliados chineses a resistirem a pressões dos EUA.
Fontes do governo americano admitem que a China dificilmente endossará fortes sanções econômicas e comerciais como as que estão sendo pedidas pela Casa Branca. Mas, para Washington, mesmo a adoção de punições leves seria uma importante vitória diplomática.
Os EUA consideram que um eventual apoio da China, além de viabilizar a unanimidade do CS necessária à adoção de uma resolução, enviaria um sinal de unidade das maiores potências globais contra o Irã.
Também enfraqueceria a posição de Brasil e Turquia, dois membros rotativos do CS cujo apoio a uma resolução não é necessário, mas que davam apoio político ao discurso do Irã.
Teerã alega que, na sua condição de signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear, tem direito de enriquecer urânio para fins energéticos e medicinais. Os iranianos negociam com as potências uma solução que lhes permita continuar seu programa atômico.
Os EUA pressionaram o CS a adotar três ciclos de punições contra o Irã desde 2002, quando foi revelada a existência de atividades atômicas de Teerã não notificadas à ONU. Apesar de nunca ter sido provado que os iranianos buscam a bomba atômica, sanções foram aplicadas sob a justificativa de que o Irã não colabora com as inspeções internacionais.
As conversas se deterioraram no fim de 2009, em meio a um impasse sobre a possibilidade de o Irã enviar seus estoques de urânio para ser enriquecidos no exterior. Também pesou o fato de Teerã só ter admitido a existência da usina nuclear de Qom após a CIA tê-la detectado por satélite.
Insatisfeito com o que considera má vontade do Ocidente, o Irã anunciou que construirá dez novas centrais nucleares.

Com agências internacionais



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