São Paulo, sexta-feira, 01 de abril de 2011

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Forças oposicionistas atacam a maior cidade da Costa do Marfim

Testemunhas relatam combates entre tropas do ditador Laurent Gbagbo e do rival Ouattara

Eleito em 2010 decreta toque de recolher e dá ultimato ao presidente para que saia; general abandona seu posto

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

As forças do líder da oposição da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, entraram ontem em Abidjã, a maior cidade do país africano, e travaram violentos combates contra os soldados do presidente Laurent Gbagbo.
Moradores relataram confrontos no sul de Abidjã e saques por toda a cidade, enquanto tropas governistas se colocavam em torno do palácio presidencial. Na noite de ontem, a oposição declarou ter tomado a TV estatal e atacado a casa de Gbagbo.
A França -país do qual os marfinenses se tornaram independentes em 1960- deslocou soldados para proteger moradores estrangeiros, e fontes da ONU disseram que as Nações Unidas assumiram o controle do aeroporto após ele ter sido abandonado.
Ouattara decretou toque de recolher em Abidjã e fechamento das fronteiras do país, além de exortar as forças leais a Gbagbo a abandoná-lo. Um porta-voz da oposição, Patrick Achi, afirmou que a queda é "questão de horas" e deu um ultimato ao presidente para que se renda.
Calcula-se que desde anteontem os oposicionistas tenham tomado 80% do território marfinense, incluindo a capital, Yamoussoukro, e o porto de San Pedro -usado para o escoamento de cacau, que é o principal item da pauta de exportações do país.
O governo da África do Sul divulgou a informação de que o general Philippe Mangou, um dos principais chefes do Exército de Gbagbo, abandonou o posto e se refugiou na casa do embaixador sul-africano em Abidjã.
Aliados do presidente, porém, negam que haja a intenção de se render. "Gbagbo vai liderar a resistência contra esse ataque à Costa do Marfim", afirmou Toussaint Alain, diplomata encarregado das relações marfinenses com a União Europeia.

4 MESES DE IMPASSE
O ataque da oposição acontece depois de quatro meses de impasse político. Em novembro de 2010, Ouattara venceu as eleições presidenciais, reconhecidas pelas Nações Unidas, mas Gbagbo se recusou a sair do cargo.
O ditador desprezou reiterados pedidos da ONU de que ele saísse pacificamente e se negou a atender a telefonemas do presidente americano, Barack Obama. A oposição acusa Gbagbo de matar centenas de simpatizantes; desde a eleição, foram registradas ao menos 462 mortes.
Anteontem, em reunião de emergência convocada após a deterioração da situação política, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou por unanimidade sanções contra o presidente marfinense -entre elas, o congelamento dos seus ativos e a proibição de viagens.


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