São Paulo, segunda-feira, 01 de maio de 2006

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AMÉRICA LATINA

García ataca Chávez

Peru tira embaixador de Caracas e agrava crise

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo peruano retirou o seu embaixador em Caracas depois que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, reiterou suas críticas ao governo de Alejandro Toledo e ao candidato social-democrata Alan García, virtual adversário do nacionalista Ollanta Humala no segundo turno da eleição peruana, previsto para acontecer em maio.
O Peru considera que o presidente venezuelano está interferindo no processo eleitoral do país e quer pedir que a OEA (Organização dos Estados Americanos) chame a sua atenção.
O governo da Venezuela anunciou que não atuará de maneira recíproca à decisão peruana. Sobre o motivo que gerou a controvérsia diplomática, o chanceler Alí Rodríguez disse que as declarações de Chávez "não foram ao governo peruano, e sim ao candidato Alan García".
Na última sexta-feira, García havia chamado Chávez de "sem vergonha", pelo fato de o venezuelano ter se oposto aos acordos de livre comércio que o Peru firmou com a Colômbia e com os EUA. O presidente venezuelano respondeu dizendo que García era "um ladrão".
O candidato peruano, então, comparou Chávez ao ex-ditador iraquiano Saddam Hussein. "É um intrometido que está rompendo princípios internacionais fundamentais. Quem ele pensa que é? Um Saddam Hussein que, porque tem petróleo, se considera dono de outros países?".
Chávez passou o fim de semana em Havana com o ditador cubano, Fidel Castro, e o presidente boliviano, Evo Morales. Os três reuniram-se para debater tratados comerciais alternativos para a região. Morales selou a entrada da Bolívia na Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas), proposta por Chávez como alternativa à Alca (Área de Livre Comércio das Américas). "Somos três para defender o povo latino-americano", disse Morales. O encontro foi autoproclamado "santíssima trindade antiimperialista".
Fidel, até então o principal oponente dos EUA na América Latina, disse estar contente com a aliança com a Venezuela e a Bolívia. "Surgem esses novos líderes e me convertem no homem mais feliz do mundo", disse o cubano.
Os três ainda tornaram público seu apoio ao nacionalista Humala, no Peru. "Agora pela primeira vez somos três. Um dia seremos cinco ou até seis", disse Fidel. Morales, por sua vez, convidou Humala para visitar a Bolívia.


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