São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2004

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SEGURANÇA

Técnica de identificação, antes restrita a crimes mais graves como homicídios, agora será usada em pequenos roubos

Polícia de NY usará DNA para crime menor

SHAILA K. DEWAN
DO "NEW YORK TIMES"

Os nova-iorquinos cujas casas são roubadas têm pouca esperança de algum dia ver a justiça ser feita -sem falar em reaver seus bens. Só cerca de 10% dos crimes contra a propriedade registrados na cidade chegam a ser solucionados. Isso acontece em parte porque é difícil encontrar testemunhas e provas e em parte porque a maior parte dos recursos da polícia é dedicada à captura de criminosos violentos. Os exames de DNA, por exemplo, só são feitos rotineiramente em casos de homicídio, estupro e agressões físicas mais violentas.
Mas o Instituto Médico Legal de Nova York pretende abrir um novo laboratório para testar centenas de amostras de DNA por dia, que serão retiradas de quase todas as cenas de crimes, incluindo furtos e roubos de carros. Como a maioria dos crimes contra a propriedade não gera amostras de sangue, sêmen ou saliva, o laboratório vai utilizar amostras de DNA até agora consideradas minúsculas demais para ser recolhidas, como células de pele deixadas em uma impressão digital pouco nítida ou um capuz. Os resultados serão cotejados com bancos de dados de criminosos condenados, suspeitos e perfis de DNA obtidos das cenas de outros crimes, incluindo estupros.
A perspectiva alegrou tanto a polícia quanto os promotores de Nova York. Pela primeira vez, oferece a eles uma ferramenta poderosa para a captura de criminosos tão difíceis de prender que muitos nova-iorquinos nem sequer se dão ao trabalho de denunciar furtos à polícia. Os perfis de DNA de alto grau de sensibilidade podem fortalecer os argumentos jurídicos contra criminosos e ajudar a condenar criminosos reincidentes. E se, como acreditam muitos criminologistas, a tendência dos criminosos é passar de delitos não-violentos para crimes violentos, os exames podem fazer uma contribuição significativa para a segurança pública.
"Isso estende o alcance do DNA a todo um universo de crimes que outras tecnologias não conseguem penetrar", comentou o médico-legista Charles S. Hirsch. "Sabemos que existem criminosos que mudam de ramo, ladrões que se tornam estupradores. O efeito cascata será grande."
Com o Laboratório de Alta Sensibilidade, como está sendo chamado, os cientistas forenses poderão obter o perfil genético de criminosos a partir de apenas seis células de material genético, contra as cerca de 150 células necessárias para os exames de DNA mais comuns. É ainda menos do que a maioria das amostras utilizadas no Reino Unido, que foi pioneiro no uso dessa tecnologia na área policial, em 1999, e normalmente utiliza entre 30 e 50 células.


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