São Paulo, sexta-feira, 01 de junho de 2007

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EUA estudam manter base fixa no Iraque

Ao fim de mês com recorde de baixas americanas, Bush considera ter no Iraque presença semelhante à que tem na Coréia

Segundo a Casa Branca, militares ficariam fora de combate, "convidados" por Bagdá, a exemplo do que acontece na Coréia do Sul

Saul Loeb/France Presse
Bush (dir.), que estuda deixar tropas no Iraque, recebe o presidente daquele país, Jalal Talabani


DA REDAÇÃO

No mês em que registrou o maior número de baixas no Iraque desde novembro de 2004, os EUA também passaram a avaliar seriamente a hipótese de ter no país uma base permanente, a exemplo do que ocorre na Coréia do Sul.
O anúncio ontem, pelo Exército, da morte de mais três soldados fez de maio o mês com o maior número de militares americanos mortos no país em dois anos e meio. No mês passado foram mortos 122 militares dos EUA no Iraque, segundo contagem da Reuters, contra 137 em novembro de 2004 .
Desde a invasão, em março 2003, foram mais de 3.400.
O Exército dos EUA tenta justificar os números, que indicam que os esforços do país para abrandar a violência sectária e contra a ocupação no Iraque não estão tendo sucesso. Segundo o general Perry Wiggins, membro do Estado-Maior das Forças Armadas, as baixas são conseqüência da estratégia adotada no início do ano, de aumentar o efetivo de soldados em Bagdá. "Operamos [agora] em lugares onde não costumávamos antes", disse Wiggins.
Apesar do discurso de Wiggins, o fato de o Pentágono já estar trabalhando com estratégias alternativas no Iraque -como a divisão de Bagdá em espécies de guetos- mostra que a situação no foge do que esperava Washington.
Além disso, e mesmo sofrendo pressão interna para fixar uma data da retirada das tropas americanas do Iraque -há hoje cerca de 145 mil militares dos EUA no país-, o presidente George W. Bush aventou a hipótese de manter no país uma presença constante de soldados, como há na Coréia do Sul.
A informação, dada pela Casa Branca na quarta-feira, forçou o porta-voz Tony Snow a explicá-la melhor. Segundo Snow, a idéia é manter tropas americanas no Iraque não em estado de beligerância, mas como uma força de reserva, mantida "a convite" do governo iraquiano.
Na Coréia do Sul, os soldados americanos estão estacionados para, oficialmente, garantir o armistício entre o país e seu vizinho do norte, firmado em 1953. As duas Coréias nunca encerraram oficialmente o conflito que se iniciou em 1950, mas o cessar-fogo nunca foi quebrado desde então.
Indagado se Bush pretendia manter tropas no Iraque por 50 anos, como é o caso na Coréia, Snow afirmou que não há um tempo definido. "Eu acho que o que ele [o presidente] está querendo dizer é que a situação no Iraque, e uma guerra ampla contra o terror, são coisas que levarão muito tempo. Mas não vão requerer sempre uma presença em combate", disse Snow, que afirmou ainda que essa presença militar estendida não se daria por causa dos países vizinhos ao Iraque, mas devido a problemas de segurança interna. No entanto os efeitos práticos de tal estratégia seriam a manutenção de uma base militar potencialmente permanente dos EUA no Iraque.

Turquia
Como se não bastassem os problemas nas regiões árabes sunitas e xiitas do Iraque, o norte do país, de população predominantemente curda, também está sob tensão.
Militares turcos estão estacionando tropas na fronteira com a única região estável do Iraque, preparando-se para uma eventual incursão no país.
Os turcos visam bases em território iraquiano de separatistas curdos que agem na Turquia. O governo do país não autorizou a ação militar porque os americanos pressionam por uma solução não militarizada do problema -um conflito no norte do Iraque oporia dois aliados dos EUA, o Exército turco e os curdos iraquianos.


Com agências internacionais


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