São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2010

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Israel mata 9 ao parar navio rumo a Gaza

Governo afirma que soldados agiram em legítima defesa ao atirar em ativistas que levavam ajuda humanitária

Choques ocorreram no maior dos 6 navios que queriam furar bloqueio; sobreviventes vão ser deportados por Israel


Menahem Kahana/Associated Press
Navios israelenses se aproximamdo porto de Ashdod após ação militar

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ASHDOD

Pelo menos nove ativistas foram mortos a tiros, e dezenas ficaram feridos em confrontos com soldados israelenses durante a interceptação de uma frota de seis navios que tentava furar o bloqueio marítimo de Israel e levar ajuda humanitária à faixa de Gaza.
Os choques ocorreram a bordo da maior embarcação, onde havia cerca de 500 ativistas, a maioria turcos, quando a frota se encontrava em águas internacionais, a pouco mais de 70 km da costa de Israel.
O violento incidente deflagrou onda mundial de condenação a Israel, que se defendeu afirmando que os soldados foram forçados a responder a tiros a ataques desferidos pelos ativistas com facas, barras de ferro e, em alguns casos, armas de fogo.
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, que estava no Canadá, cancelou encontro que teria hoje com o presidente Barack Obama na Casa Branca e antecipou a volta.
Apesar de ter lamentado as mortes, ele apoiou a ação militar, afirmando que os soldados agiram "em legítima defesa".
Após fazer repetidos alertas nos últimos dias de que não permitiria que os navios se aproximassem da costa, Israel se antecipou à chegada dos ativistas enviando comando composto de corvetas e helicópteros, no que chamou de "ação preventiva".

IMAGENS
Eram aproximadamente 4h da manhã (22h de domingo em Brasília), quando o comando israelense cercou a frota, impedindo seu avanço. Nas embarcações menores a interceptação transcorreu sem maiores contratempos.
Mas na maior delas, Mari Marmara, violentos confrontos se seguiram ao cerco israelense, resultando em ao menos nove ativistas mortos.
Em imagens divulgadas pelo governo israelense, é possível ver soldados que desceram dos helicópteros por meio de cordas até o Mari Marmara sendo agredidos por dezenas de pessoas.
Um repórter da TV Al Jazeera que estava a bordo, porém, disse à Folha que uma bandeira branca foi erguida pela tripulação, mas não conteve a ação dos israelenses, que, segundo ele, abriram fogo logo de início.
Após a interceptação, os seis navios foram levados pela Marinha israelense até o porto de Ashdod, onde os passageiros seriam interrogados e colocados em voos rumo aos países de origem.
A maioria se recusou a deixar o país, e por isso foi levada a um centro de detenção próximo. Muitos chegaram sem qualquer documento de identidade, que teriam jogado no mar em protesto contra a ação israelense. Outros se negaram a falar com os policiais israelenses.
No Chipre, Greta Berlin, uma das líderes do movimento Gaza Livre, rechaçou as alegações de Israel.
"Eles podem distorcer os fatos o quanto quiserem. Nós somos civis, e eles são militares. Isso foi assassinato", afirmou.


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