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Lula promete ao Irã fazer lobby antissanção
Após ligação, presidente diz em evento público que o Brasil não é país de "2ª classe"
DE BRASÍLIA
DO RIO
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, telefonou anteontem para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fazendo um balanço sobre as tentativas comuns para evitar sanções da ONU ao
regime iraniano por conta do
seu programa nuclear.
Lula se comprometeu com
Ahmadinejad a telefonar ao
longo desta semana para os
líderes dos três países que
ainda podem tentar reverter
a decisão dos Estados Unidos
a favor das sanções: Nicolas
Sarkozy (França), Dmitri
Medvedev (Rússia) e Hu Jintao (China).
Eles apoiam as sanções,
mas russos e chineses têm sido bem mais reticentes desde
o início das conversações.
Na avaliação da diplomacia brasileira, a tendência é
que as tratativas para impor
as sanções ao Irã ganhem um
ritmo mais lento, porque a
comunidade internacional
desviou o foco para a condenação maciça contra a ação
israelense em Gaza.
O assessor especial da Presidência da República para
Assuntos Internacionais,
Marco Aurélio Garcia, disse
ontem que os EUA procuraram diversos países para desaconselhar o apoio dessas
nações ao acordo firmado
por Brasil, Turquia e Irã.
"Houve essa tentativa sistemática [por parte dos EUA]
de, de uma certa forma, desaconselhar uma iniciativa de
paz que era aquela que nós
estávamos patrocinando",
afirmou Garcia.
Segundo ele, entre os países procurados por autoridades americanas e que informaram o contato ao Brasil estão Rússia e Qatar.
"Nós tivemos alguns indícios disso [mudança de posição dos EUA] porque, por onde o presidente Lula passava, havia informação oficial,
por parte de governos locais,
de que autoridades do mais
alto nível do governo norte-americano tinham tentado
desaconselhar qualquer solidariedade com a política que
Brasil e Turquia vinham desenvolvendo, o que nos pareceu muito surpreendente."
SEGUNDA CLASSE
A tentativa dos EUA de
desmontar o acordo feito
com liderança turco-brasileira tem irritado o presidente
Lula. Ontem ele disse que o
"o Brasil cansou de ser tratado como de segunda classe"
e que "para fazer política internacional, é necessário respeito mútuo nas relações".
Falando no 10º Challenge
Bibendum, evento que discute temas relacionados à mobilidade sustentável, no Rio
de Janeiro, Lula mostrou-se
crítico ao posicionamento
das potências ocidentais.
O presidente fez menção
ao slogan usado pelo presidente Barack Obama nas
eleições, "yes we can" [sim
nós podemos, em inglês], cabe bem aos brasileiros.
"O discurso de Obama,
nós podemos, não é para
eles, é para nós. O Brasil cansou de ser tratado como segunda classe."
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