São Paulo, quarta-feira, 01 de junho de 2011

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Síria anuncia anistia; ação é vista com ceticismo

Ditadura atenua penas e afirma que medida se estende a presos políticos

Sob pressão, regime já suspendera estado de emergência; violência contra manifestantes, porém, se intensificou

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O ditador sírio, Bashar Assad, anunciou na TV estatal do país uma anistia que, segundo o governo, se estenderá a presos políticos, inclusive integrantes da Irmandade Muçulmana -na Síria, a participação no grupo islâmico é passível de pena de morte.
Recebido com ceticismo, o anúncio soma-se a outras medidas de Assad para tentar diminuir a pressão externa sobre seu governo devido à violenta repressão aos protestos na Síria. Estima-se que, em pouco mais de dois meses, o regime tenha matado mil civis e detido 10 mil.
Antes disso, o ditador já suspendera o estado de emergência que vigorava desde 1963 e dera cidadania síria aos curdos que vivem no país. Simultaneamente, porém, promoveu uma escalada da violência, com ocupação militar de cidades rebeldes e mortes de opositores.
Ontem mesmo, segundo ativistas, pelo menos cinco pessoas foram mortas por forças do governo nas cidades de Rastan, no centro da Síria, e Hirak, no sul. A censura imposta pela Síria à imprensa impede a verificação independente desses relatos.
O regime sírio atribuiu a violência a "grupos armados", como vem fazendo desde que a onda de revoltas no mundo árabe chegou ao país. O governo alega que, em Rastan, dois soldados foram mortos numa operação para prender "terroristas".

"RETÓRICA"
De acordo com a agência estatal Sana, a anistia inclui transformação de condenações à morte em prisão perpétua, redução das penas para alguns tipos de crime à metade do tempo, soltura de parte dos presos maiores de 70 anos e perdão para delitos menores, não especificados.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Mark Toner, minimizou o anúncio da anistia e afirmou que Assad precisa tomar medidas "concretas, não retóricas". Toner também voltou a acusar o regime sírio de abusos dos direitos humanos.
O porta-voz chamou de "estarrecedor" relato do "New York Times" sobre vídeo que mostra o cadáver mutilado de um adolescente de 13 anos preso por forças da Síria durante sua participação em um protesto no sul do país, no final de abril.
Tanto os EUA, que acusam Assad de financiar o terrorismo, quanto a União Europeia já anunciaram sanções contra o ditador e outros altos funcionários do regime sírio.

FOLHA.com

Leia coluna de Clóvis Rossi sobre a anistia síria
folha.com.br/mu923377


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