|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Analistas reclamam do que faltou ser revelado
Papéis não incluíram operações da CIA no exterior
DE WASHINGTON
Ao tornar disponíveis na última terça-feira mais de 700 páginas do arquivo chamado
"jóias da família", com ações da
CIA ilegais ou que poderiam
embaraçar a agência, e 11 mil
páginas de análises da ex-União
Soviética e da China nos anos
50 a 70, a intenção do general
Michael Hayden era ser o mais
transparente possível em uma
agência que vive de informações sigilosas, afirmou.
"A CIA entende completamente que tem a obrigação de
proteger os segredos do país",
disse então. "Tenho falado seguidamente sobre nosso contrato social com o povo americano, e a publicação de documentos históricos é uma parte
importante desse esforço."
A ação foi elogiada por historiadores e analistas ouvidos pela Folha, embora alguns destacassem que parte do ato não foi
totalmente voluntário, mas
originado por um pedido baseado numa lei de liberdade de
informação que levou 15 anos
para ser atendido e era o mais
antigo relacionado à CIA desde
que tal lei foi aprovada.
Ainda assim, reclamou-se da
ausência de documentos importantes. "Não tenho uma lista dos dez mais que eu queria
publicados", disse Steven Aftergood, do Projeto sobre Secretismo Governamental da
Federação Americana de Cientistas. "Mas queria que quase
tudo viesse a público."
Já John Pradow, autor do livro "Safe for Democracy - The
Secret Wars of CIA" (Salvo pela
Democracia - As Guerra Secretas da CIA, Ivan R. Dee), sentiu
falta principalmente das operações da agência no exterior.
"Sim, há uma menção ao assassinato de Patrice Lumumba e
os detalhes de uma das tentativas de assassinato de Fidel Castro, mas a CIA fez muito mais."
O autor, que é analista do arquivo que fez o pedido à CIA,
acredita que a estratégia da
agência na divulgação surtiu
efeito contrário. "Eles esperavam que as 11 mil páginas sobre
a União Soviética e a China
roubassem a cena", especula
Pradow. "Não esperavam que
as "jóias da família" tivessem a
atenção que mereceram."
O problema dos papéis chamados CAESAR-POLO-ESAU
-147 documentos de análises
sobre as relações entre as duas
potências comunistas entre
1953 e 1973 e como os dois países disputariam a influência
sobre as esquerdas do resto do
mundo, inclusive a brasileira-
é a falta de revelações.
Tudo o que está escrito ali,
disse o "Washington Post", era
de conhecimento de quem lesse as publicações e ouvisse as
emissoras de rádio da época.
Com algumas bolas-fora: um
texto de 1962 prevê a queda de
Mao Tse-Tung para breve (o líder chinês morreria no poder,
em 1976); outro, de dois anos
antes, aponta os prováveis sucessores de Nikita Kruschev
-Leonid Brejnev não está entre eles.
(SD)
Texto Anterior: Culto ao sigilo vira problema para Bush Próximo Texto: Décadas depois, nem tudo mudou na espionagem Índice
|