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Iraque abre reserva petrolífera a estrangeiros
Concorrência para contratos de longo prazo têm 41 empresas pré-qualificadas; meta é quase dobrar a produção até 2013
EUA negam pressão; Bagdá também negocia convites a
petroleiras que irão prestar serviços de 1 ano em poços
e oleodutos já em operação
Ali Saadi/France Presse
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O ministro do Petróleo iraquiano, Hussein Shahristani, anunciou lista de empresas aptas a participar das licitações de seis campos
DA REDAÇÃO
O Ministério do Petróleo iraquiano divulgou ontem os planos de abertura de suas reservas petrolíferas a empresas estrangeiras. Quarenta e uma
companhias foram pré-classificadas para a concorrência que
será realizada em 2009 para a
exploração de seis campos com
reservas asseguradas. Elas terão contrato de exploração de
longo prazo.
O ministério também confirmou que negocia com quatro
ou cinco grandes operadoras do
setor, americanas e européias,
cartas-convites para prestar
serviços em instalações já em
operação. Nesse caso, as empresas não teriam o controle
sobre o combustível extraído e
assinariam um contrato de um
ano, mas estariam em melhor
posição para, depois desse período, disputarem essas áreas
com suas concorrentes.
Há em meio a isso três questões, amplamente abordadas
ontem. A primeira, citada pelo
ministro do Petróleo, Hussein
Shahristani, está na disposição
do Iraque de passar até 2013
sua produção diária de 2,5 milhões para 4,5 milhões de barris. Só as empresas com cartas-convites permitiriam um salto
de 500 mil barris.
O segundo problema está na
inexistência de uma Lei do Petróleo. O projeto redigido pelo
governo no ano passado está
engavetado no Parlamento, em
razão de divergências entre
grupos étnico-confessionais
sobre a repartição da renda do
petróleo. O critério geográfico
favorece os xiitas em detrimento dos sunitas, enquanto os curdos querem autonomia para fechar seus próprios contratos.
Há, por fim, as questões de
segurança. Embora tenham sido sensivelmente reduzidos os
atentados a oleodutos e locais
de extração, as concessões a
empresas estrangeiras podem
reativar o ciclo da violência.
O "interesse" americano
As novidades têm como pano
de fundo a suspeita do mundo
árabe e entre os próprios iraquianos de que os Estados Unidos invadiram o país em 2003
de olho em suas reservas de petróleo. Mas os mecanismos ontem anunciados não beneficiam apenas petrolíferas americanas ou britânicas, os dois
principais países invasores.
As empresas cogitadas para
as cartas-convites são a anglo-holandesa Shell, uma parceria
dela com a BHP Billiton, a British Petroleum e as americanas
Exxon Mobil e Chevron, em
parceria com a francesa Total.
O presidente da Shell, Jeroen
van der Veer, disse ao "Financial Times" que o acordo "poderá ser assinado dentro de algumas semanas".
O ministro do Petróleo não
citou nenhuma dessas empresas e disse que as negociações
prosseguem. Quanto às 41 pré-qualificadas para contratos a
longo prazo -o governo iraquiano as enumerou, e a Petrobrás não está na lista- elas precisariam aceitar uma parceria
de 25% de companhia local e
ter escritórios no Iraque. O grupo engloba gigantes russas, chinesas, japonesas e européias.
Seis delas não foram relacionadas publicamente.
O Iraque nacionalizou seu
petróleo em 1972. Segundo o
"New York Times", os iraquianos perderam desde então a
técnica de negociar com concessionárias estrangeiras. Em
razão disso, grupos de consultores americanos, assessorados
pelo Departamento de Estado,
participaram da redação dos
esboços de contrato.
O jornal americano também
diz que, diante de uma oferta
mundial apertada, o presidente
George W. Bush tem interesse
em fazer com que o Iraque aumente sua produção de modo
sensível. O porta-voz do Departamento de Estado, Tom Casey,
disse ontem que "os Estados
Unidos não se envolveram em
nenhuma decisão relativa a
contratos". Mas confirmou que
americanos estavam fornecendo "suporte técnico" ao governo do Iraque.
Com agências internacionais
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