São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Prefeitura quer ajudar pequenos comerciantes

FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE PARIS

Não existe uma só padaria na área da avenida Champs-Elysées. Aparentemente banal, a ausência de baguetes fresquinhas saídas do forno no bairro mais badalado da cidade é o exemplo extremo de uma questão crucial para a Prefeitura de Paris: a retração do pequeno comércio.
Nos últimos dez anos, o número de mercearias diminuiu 25%, o de peixarias e açougues, 35%. Em três anos, 110 açougues baixaram as grades. Sem o açougueiro, o fruteiro ou o florista do bairro, os moradores tem de andar mais ou pegar o carro para comprar o básico. Resultado: mais congestionamentos, mais poluição, tudo o que a prefeitura não quer. Além disso, os bairros se descaracterizam, e os habitantes os abandonam. "Sem comércio, não há vida", resume Pierre-Alain Brossault, consultor da Secretaria de Urbanismo.
Para reverter a situação, a prefeitura reduzirá as taxas para criação de negócios, impedirá que lojas sejam transformadas em residências (os "lofts" da moda) e criou uma empresa para comprar estabelecimentos ameaçados de trocar de ramo e alugá-los, deixando tempo ao novo comerciante de fazer uma clientela até ele poder comprar o imóvel. Já há orçamento para a compra de 200 lojas por ano. Sete foram adquiridas.
A prefeitura começou a agir pelas ruas que se especializaram numa só atividade, como a venda de roupas por atacado. Perto da praça da Bastilha, há uma área em que 95% do comércio pertence a atacadistas. "Agora, para comprar qualquer coisinha, tenho de andar meia hora", diz a moradora Camille Badoit.
Outra forma de defender o pequeno comerciante é dificultar a instalação de lojas muito grandes. Recentemente, o projeto de um grande supermercado no norte da cidade só foi aprovado com sua área de alimentos reduzida a um quarto do pretendido. A Fnac teve seu plano de abrir uma terceira loja no bulevar Saint-Germain recusado. (FV)


Texto Anterior: Mudar é questão de saúde pública, afirma secretário
Próximo Texto: Argentina: Plano de Kirchner quer provar que seu país não é só tango
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.