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Guerra no Oriente Médio
"Não haverá cessar-fogo", diz Olmert
Primeiro-ministro de Israel desafia críticas internacionais e gabinete aprova
ampliação da ofensiva terrestre no Líbano
Pausa em bombardeios acertada com secretária dos EUA foi parcial e soldado
libanês foi morto; ataques voltarão com força total
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE HAIFA
O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, disse ontem
que não haverá cessar-fogo nos
próximos dias, refutou as críticas internacionais à ofensiva israelense e o Exército do país
manteve os ataques contra o
grupo xiita Hizbollah
no Líbano, apesar da promessa
de 48 horas de trégua depois do
bombardeio aéreo que matou
56 civis em Qana.
"Não há, nem haverá um cessar-fogo nos próximos dias. Vamos parar a guerra quando a
ameaça de foguetes for removida, quando nossos soldados seqüestrados voltarem para casa
em paz e quando vocês puderem viver em segurança", disse
ele em discurso ao país.
Segundo autoridades que se
mantiveram no anonimato, o
Gabinete de Segurança israelense decidiu ontem à noite
ampliar a ofensiva terrestre e
retomar os bombardeios aéreos com "força total" assim
que terminar o prazo de 48 horas acertado no domingo com a
secretária de Estado americana, Condoleezza Rice.
No discurso, Olmert disse
que Israel enfrentará ainda
muitos dias de luta. "Devemos
nos preparar para dor, lágrimas
e sangue", disse. "Mísseis e foguetes ainda cairão em Israel
nos próximos dias."
O premiê também lamentou
a morte de 56 civis, entre eles
37 crianças, no ataque a Qana,
mas disse que não se desculpa
pelo ato. "Sinto do fundo do
meu coração pelas mortes de
crianças e mulheres em Qana.
Não são nossos inimigos. Não
estamos lutando contra o povo
do Líbano. Não estamos lutando contra o seu governo. Estamos combatendo o terrorismo
e não vamos parar a luta enquanto não os afastarmos para
longe das nossas fronteiras."
Olmert também rejeitou as
críticas internacionais às operações militares de Israel, dizendo que nenhum país aceitaria "ataques assassinos" contra
sua população. Ele disse que Israel segue as regras morais judaicas e que "não há necessidade de aprender estas regras de
nenhum povo e de nenhuma
nação".
A interrupção dos bombardeios ao Líbano, anunciada no
domingo, durou apenas algumas horas. Mesmo em menor
intensidade, os ataques continuaram ontem. Um ataque aéreo contra um carro matou um
soldado libanês e feriu três. O
Exército disse em comunicado
que atacou o veículo por suspeitar da presença de um líder
do Hizbollah.
Dois caminhões foram destruídos em bombardeios israelenses na fronteira entre a Síria
e o Líbano. Israel disse que vai
atacar qualquer veículo suspeito de transportar armamentos
para o Hizbollah. Tropas e blindados de Israel continuaram
atuando ao longo da fronteira.
Escavadeiras estão terminando
de derrubar o que restou das
bases do Hizbollah atingidas
em ataques aéreos.
Horas antes do discurso de
Olmert, o ministro da Defesa
de Israel, o trabalhista Amir Peretz, disse ao Parlamento que o
Exército vai expandir os ataques contra o Hizbollah. "Não
podemos concordar com um
cessar-fogo imediato no Líbano
porque nos encontraremos em
situação similar dentro de alguns meses", disse Peretz, cujo
discurso foi interrompido por
deputados árabes que o chamaram de "assassino".
Milhares de militares da reserva estavam a caminho de bases no norte do país ontem. O
Exército também movimentou
tanques, peças de artilharia e
munição para a região da fronteira. Muitas áreas foram declaradas zona militar fechada,
onde o acesso de civis e da imprensa é proibido.
O objetivo militar imediato
de Israel é avançar o máximo
possível no sul do Líbano, destruindo bases e aldeias controladas pelo Hizbollah, até que a
pressão internacional por um
cessar-fogo force o fim da ofensiva. O país quer ocupar esta zona de segurança, se possível até
o rio Litani, a pelo menos 20
km da fronteira, para entregá-la a uma força multinacional
ativa, que combata o Hizbollah.
A reunião do Conselho de Segurança da ONU que discutiria
o envio da força, entre outras
medidas para pôr fim ao conflito, foi adiada ontem por divergência entre as potências com
poder de veto (veja texto à página A18). Desde o início da guerra, em 12 de julho, mais de 560
libaneses, a maioria civis, e 51
israelenses foram mortos.
O Exército de Israel estima
ter destruído a maioria dos
mísseis de longo alcance e matado 200 combatentes do Hizbollah. Mas o grupo mantém
ainda o poder militar e pode
atingir cidades no centro de Israel, na região de Tel Aviv.
Ontem houve poucas quedas
de foguetes do Hizbollah no
norte de Israel. Nas cidades de
Metula, Kryat Shmone e Haifa,
o movimento de carros e pessoas foi maior.
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