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Operado, Fidel transfere poder ao seu irmão Raúl
Às vésperas de completar 80 anos, ditador cubano passou por cirurgia
no intestino
Raúl Castro, 75, assume o poder pela primeira vez; notícia causa apreensão em
Havana e festa em Miami
DA REDAÇÃO
O ditador cubano, Fidel Castro, de 79 anos, foi operado do
intestino e transferiu o poder
provisoriamente a seu irmão,
Raúl, 75, vice-presidente de
Cuba e seu provável sucessor. É
a primeira vez que Fidel, doente, transfere o poder. Ele, que
comanda Cuba desde a revolução de 1959, completará 80
anos em 13 de agosto.
Em comunicado lido ontem à
noite na TV e na rádio cubanas
por seu secretário particular,
Carlos Valenciaga, Fidel anunciou que a "intensidade" de sua
viagem recente à Argentina,
onde participou como convidado de encontro de cúpula do
Mercosul, lhe provocou "uma
crise intestinal aguda com sangramento constante" que o
obrigou "a uma complicada
operação cirúrgica".
Segundo o comunicado, ele
ficará "afastado várias semanas" do poder e, por isso, Raúl
assumirá suas funções. Fidel
acumula os cargos de primeiro-secretário do Partido Comunista, comandante das Forças
Armadas e presidente do Conselho Executivo de Estado.
Raúl Castro acompanha Fidel
desde os tempos da guerrilha
que derrubou o ditador Fulgêncio Batista.
A nota especifica que as comemorações pelos 80 anos de
Fidel foram adiadas para 2 de
dezembro, aniversário dos 50
anos das Forças Armadas cubanas, formadas a partir do movimento guerrilheiro liderado
por ele e o argentino Ernesto
Che Guevara, entre outros.
A notícia da operação de Fidel e da transferência do poder a Raúl Castro provocou apreensão em
Havana e festa em Miami, onde
vivem milhares de exilados cubanos. Centenas de pessoas saíram às ruas na cidade da Flórida, com bandeiras cubanas e cartazes contra o regime. "Isso nos lembra que o fim do regime de Fidel Castro está chegando e que a única solução são eleições livres e o império da lei", disse o deputado
O regime de Fidel Castro foi
um dos poucos comunistas a
sobreviver à queda do Muro de
Berlim, em 1989. Porém, diferentemente da China e do Vietnã, que liberalizaram a economia ao mesmo tempo em que
mantinham o autoritarismo
político, Cuba realizou reformas apenas parciais -como a
abertura de pequenos negócios
não-estatais e parcerias entre o
Estado e empresas estrangeiras
da América Latina, Europa e
Canadá.
Depois de passar por um período de extrema escassez com
o fim da parceria econômica
com a União Soviética, extinta
em 1991, Cuba -e Fidel- vinham recobrando a proeminência política na região desde
a eleição de Hugo Chávez para a
Presidência da Venezuela, em
1998. Ele também é aliado político do presidente boliviano,
Evo Morales, eleito em dezembro do ano passado.
A última aparição do ditador
cubano no exterior foi na cúpula do Mercosul, realizada há 11
dias em Córdoba, na Argentina
-à qual se referiu na nota.
Durante a cúpula, que sacramentou o ingresso da Venezuela no Mercosul, Fidel assinou
acordos de parceria entre Cuba
e o bloco e discursou para 20
mil pessoas na universidade local. Falou durante duas horas e
55 minutos -não muito, para
quem já fez pronunciamentos
de mais de 10 horas. Durante o
encontro, ele se irritou com um
repórter que lhe perguntou sobre sua sucessão.
Especulações sobre a saúde
de Fidel aumentaram desde
que ele desmaiou em público,
durante um discurso em 2001.
Em 2004, ele fraturou um joelho e um braço numa queda.
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