São Paulo, sábado, 01 de agosto de 2009

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Uribe sai em defesa de bases americanas

Presidente colombiano diz, em entrevista, que país não é "agressor internacional" e visa combater terrorismo interno

Nem mandatário nem seu chanceler irão a Quito para cúpula da Unasul, no dia 10; Lula havia defendido fórum para debater a crise regional


Felipe Ariza/Presidência da Colômbia/France Presse
Uribe conversa com operários durante visita a fábrica; ele diz que
acordo com EUA busca mais segurança para futuras gerações


DA REDAÇÃO

O presidente colombiano, Álvaro Uribe, saiu em defesa do acordo militar que permitirá aos EUA utilizar três bases na Colômbia dizendo que o pacto está sendo negociado não porque seu país seja um "agressor da comunidade internacional", mas para combater o terrorismo que o assola internamente.
Em entrevista à revista colombiana "Ahora", Uribe disse que o novo pacto pode ser chamado de "uma fase melhorada do Plano Colômbia" -que rendeu US$ 5,5 bilhões dos EUA para combate à guerrilha e ao narcotráfico desde 1999.
O novo acordo, previsto para ser finalizado neste mês, permitirá a Washington manter 1.400 pessoas entre militares e civis nos próximos dez anos e compensará o recente fechamento da base americana de Manta, no Equador. Os EUA preveem investimentos de até US$ 5 bilhões pelo novo pacto.
Ante a péssima repercussão regional do anúncio das negociações, sobretudo com a Venezuela, o presidente colombiano pediu "paciência". "Nosso país respeita as leis, nosso grande problema é o terrorismo interno. Nas relações internacionais, devemos ser pacientes."
A Venezuela havia acusado anteontem o vizinho de tentar "justificar" a permissão do uso de suas bases pelos EUA ao insinuar que Caracas forneceu lança-foguetes encontrados com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em outubro do ano passado.
As cobranças feitas por Bogotá no início da semana motivaram o anúncio pelo presidente Hugo Chávez, na última terça, do congelamento das relações diplomáticas e econômicas bilaterais e da convocação do embaixador venezuelano no país, além da ameaça de expropriação de empresas colombianas.
Os artefatos, de fabricação sueca, haviam sido vendidos a Caracas em 1988. A transação foi confirmada pela Suécia, que também cobra explicações da Venezuela pelas apreensões.
Na entrevista, Uribe defendeu ainda a opção de preservar a já consolidada, e controversa, estreita aliança com os EUA -a Colômbia é o maior parceiro militar do país na América do Sul, com crescentes programas de treinamento e inteligência.
"A Colômbia tem recebido dois tipos de ajuda: uma retórica, de tapinhas no ombro, de expressão de pêsames nos momentos em que temos sofrido tanto; e uma prática, que temos recebido dos EUA, em nome da corresponsabilidade."
O presidente colombiano disse que o acordo com os EUA está sendo negociado para que "as novas gerações possam desfrutar do direito de superar totalmente a violência interna".

Unasul
A mais recente crise regional não dá sinais, porém, de que possa melhorar no curto prazo. A Chancelaria colombiana disse ontem que nem Uribe nem o seu ministro das Relações Exteriores, Jaime Bermúdez, participarão da próxima reunião de cúpula da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), no dia 10, em Quito (Equador).
Bogotá não informou quem representará o governo no encontro do bloco que reúne os 12 países sul-americanos nem o porquê da ausência de Uribe.
Anteontem, em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua homóloga chilena, Michelle Bachelet, haviam defendido o bloco como o fórum ideal para a resolução da crise.
Ambos haviam defendido também a convocação do Conselho Sul-Americano de Defesa -órgão da estrutura da Unasul criado no ano passado.
O presidente Lula havia dito, inclusive, que pretendia "conversar pessoalmente" sobre o acordo militar com Uribe justamente em Quito. O brasileiro afirmou que não lhe "agrada" a presença militar americana.
A cúpula da Unasul marcará a passagem da presidência rotativa do bloco, atualmente exercida por Bachelet, para o presidente do Equador, Rafael Correa -que rompeu relações diplomáticas com a Colômbia após a operação militar de Bogotá contra um acampamento das Farc em solo equatoriano em março do ano passado.

Com agências internacionais



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