|
Próximo Texto | Índice
Uribe sai em defesa de bases americanas
Presidente colombiano diz, em entrevista, que país não é "agressor internacional" e visa combater terrorismo interno
Nem mandatário nem seu chanceler irão a Quito para cúpula da Unasul, no dia 10; Lula havia defendido fórum para debater a crise regional
Felipe Ariza/Presidência da Colômbia/France Presse
|
|
Uribe conversa com operários durante visita a fábrica; ele diz que
acordo com EUA busca mais segurança para futuras gerações
DA REDAÇÃO
O presidente colombiano, Álvaro Uribe, saiu em defesa do
acordo militar que permitirá
aos EUA utilizar três bases na
Colômbia dizendo que o pacto
está sendo negociado não porque seu país seja um "agressor
da comunidade internacional",
mas para combater o terrorismo que o assola internamente.
Em entrevista à revista colombiana "Ahora", Uribe disse
que o novo pacto pode ser chamado de "uma fase melhorada
do Plano Colômbia" -que rendeu US$ 5,5 bilhões dos EUA
para combate à guerrilha e ao
narcotráfico desde 1999.
O novo acordo, previsto para
ser finalizado neste mês, permitirá a Washington manter
1.400 pessoas entre militares e
civis nos próximos dez anos e
compensará o recente fechamento da base americana de
Manta, no Equador. Os EUA
preveem investimentos de até
US$ 5 bilhões pelo novo pacto.
Ante a péssima repercussão
regional do anúncio das negociações, sobretudo com a Venezuela, o presidente colombiano
pediu "paciência". "Nosso país
respeita as leis, nosso grande
problema é o terrorismo interno. Nas relações internacionais, devemos ser pacientes."
A Venezuela havia acusado
anteontem o vizinho de tentar
"justificar" a permissão do uso
de suas bases pelos EUA ao insinuar que Caracas forneceu
lança-foguetes encontrados
com as Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia)
em outubro do ano passado.
As cobranças feitas por Bogotá no início da semana motivaram o anúncio pelo presidente
Hugo Chávez, na última terça,
do congelamento das relações
diplomáticas e econômicas bilaterais e da convocação do embaixador venezuelano no país,
além da ameaça de expropriação de empresas colombianas.
Os artefatos, de fabricação
sueca, haviam sido vendidos a
Caracas em 1988. A transação
foi confirmada pela Suécia, que
também cobra explicações da
Venezuela pelas apreensões.
Na entrevista, Uribe defendeu ainda a opção de preservar
a já consolidada, e controversa,
estreita aliança com os EUA -a
Colômbia é o maior parceiro
militar do país na América do
Sul, com crescentes programas
de treinamento e inteligência.
"A Colômbia tem recebido
dois tipos de ajuda: uma retórica, de tapinhas no ombro, de
expressão de pêsames nos momentos em que temos sofrido
tanto; e uma prática, que temos
recebido dos EUA, em nome da
corresponsabilidade."
O presidente colombiano
disse que o acordo com os EUA
está sendo negociado para que
"as novas gerações possam desfrutar do direito de superar totalmente a violência interna".
Unasul
A mais recente crise regional
não dá sinais, porém, de que
possa melhorar no curto prazo.
A Chancelaria colombiana disse ontem que nem Uribe nem o
seu ministro das Relações Exteriores, Jaime Bermúdez, participarão da próxima reunião
de cúpula da Unasul (União de
Nações Sul-Americanas), no
dia 10, em Quito (Equador).
Bogotá não informou quem
representará o governo no encontro do bloco que reúne os 12
países sul-americanos nem o
porquê da ausência de Uribe.
Anteontem, em São Paulo, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e sua homóloga chilena,
Michelle Bachelet, haviam defendido o bloco como o fórum
ideal para a resolução da crise.
Ambos haviam defendido
também a convocação do Conselho Sul-Americano de Defesa
-órgão da estrutura da Unasul
criado no ano passado.
O presidente Lula havia dito,
inclusive, que pretendia "conversar pessoalmente" sobre o
acordo militar com Uribe justamente em Quito. O brasileiro
afirmou que não lhe "agrada" a
presença militar americana.
A cúpula da Unasul marcará
a passagem da presidência rotativa do bloco, atualmente
exercida por Bachelet, para o
presidente do Equador, Rafael
Correa -que rompeu relações
diplomáticas com a Colômbia
após a operação militar de Bogotá contra um acampamento
das Farc em solo equatoriano
em março do ano passado.
Com agências internacionais
Próximo Texto: Frase Índice
|