São Paulo, sábado, 01 de agosto de 2009

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Chávez prepara lei para punir "crimes de mídia"

DO "FINANCIAL TIMES", EM CARACAS

Grupos de defesa dos direitos humanos condenaram uma lei que está por entrar em vigor na Venezuela, sob a qual os condenados por "crimes de mídia" poderiam ser sentenciados a até quatro anos de prisão.
O projeto de lei tem por objetivo punir os jornalistas que "causem pânico", "perturbem a paz social" ou comprometam a segurança nacional. A medida é parte da luta de Hugo Chávez contra o que ele define como "terrorismo da mídia".
"O projeto de lei remete aos dias sombrios das ditaduras latino-americanas, com suas cláusulas arcaicas de crimes de imprensa", disse Carlos Lauría, do Comitê de Proteção aos Jornalistas, sediado nos EUA.
Lauría descreveu a lei como "um sério revés para a liberdade de expressão e para a democracia na Venezuela e como parte de um padrão de repressão pelo presidente Chávez, com o objetivo de silenciar vozes independentes e críticas".
Enquanto apresentava o projeto de lei, anteontem, Luisa Ortega Díaz, a principal promotora pública venezuelana, insistiu em que a liberdade de expressão "precisa ser limitada".
Funcionários do governo também confirmaram que as licenças de 50 estações privadas de rádio acusadas de operar ilegalmente estão sob revisão. O anúncio se seguiu à advertências, no mês passado, de que as licenças de até 240 estações de rádio poderiam ser revogadas, afetando mais de um terço do setor no país. Chávez também vem ameaçando fechar a TV opositora Globovisión.
O presidente advertiu na semana passada que as estações de rádio em risco de confisco por não terem atualizado em tempo seus registros seriam entregues a grupos simpatizantes de sua revolução socialista.
O governo também está adotando medidas que limitam o compartilhamento de programação entre estações, uma prática que permite que muitas das estações regionais de menor porte se mantenham comercialmente viáveis e preservem sua capacidade de cobertura nacional. A regulamentação dos canais de TV a cabo e por satélite também está sendo reforçada, e eles terão de transmitir os longos discursos do presidente sempre que ele assim determinar.
Ainda que o governo alegue controlar menos de 10% das estações de rádio, outros 30% são rádios "comunitárias" que dependem de verbas do Estado e em geral são simpáticas a Chávez. O governo pode ter o controle de até 70% do espectro de rádio, até o fim do ano, caso implemente todos os seus planos.


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