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Chávez prepara lei para punir "crimes de mídia"
DO "FINANCIAL TIMES", EM CARACAS
Grupos de defesa dos direitos
humanos condenaram uma lei
que está por entrar em vigor na
Venezuela, sob a qual os condenados por "crimes de mídia"
poderiam ser sentenciados a
até quatro anos de prisão.
O projeto de lei tem por objetivo punir os jornalistas que
"causem pânico", "perturbem a
paz social" ou comprometam a
segurança nacional. A medida é
parte da luta de Hugo Chávez
contra o que ele define como
"terrorismo da mídia".
"O projeto de lei remete aos
dias sombrios das ditaduras latino-americanas, com suas
cláusulas arcaicas de crimes de
imprensa", disse Carlos Lauría,
do Comitê de Proteção aos Jornalistas, sediado nos EUA.
Lauría descreveu a lei como
"um sério revés para a liberdade de expressão e para a democracia na Venezuela e como
parte de um padrão de repressão pelo presidente Chávez,
com o objetivo de silenciar vozes independentes e críticas".
Enquanto apresentava o projeto de lei, anteontem, Luisa
Ortega Díaz, a principal promotora pública venezuelana, insistiu em que a liberdade de expressão "precisa ser limitada".
Funcionários do governo
também confirmaram que as licenças de 50 estações privadas
de rádio acusadas de operar ilegalmente estão sob revisão. O
anúncio se seguiu à advertências, no mês passado, de que as
licenças de até 240 estações de
rádio poderiam ser revogadas,
afetando mais de um terço do
setor no país. Chávez também
vem ameaçando fechar a TV
opositora Globovisión.
O presidente advertiu na semana passada que as estações
de rádio em risco de confisco
por não terem atualizado em
tempo seus registros seriam
entregues a grupos simpatizantes de sua revolução socialista.
O governo também está adotando medidas que limitam o
compartilhamento de programação entre estações, uma prática que permite que muitas
das estações regionais de menor porte se mantenham comercialmente viáveis e preservem sua capacidade de cobertura nacional. A regulamentação dos canais de TV a cabo e
por satélite também está sendo
reforçada, e eles terão de transmitir os longos discursos do
presidente sempre que ele assim determinar.
Ainda que o governo alegue
controlar menos de 10% das estações de rádio, outros 30% são
rádios "comunitárias" que dependem de verbas do Estado e
em geral são simpáticas a Chávez. O governo pode ter o controle de até 70% do espectro de
rádio, até o fim do ano, caso implemente todos os seus planos.
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