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Morre presidente filipina que depôs ditador Ferdinand Marcos
Corazón Aquino, 76, que governou as Filipinas de 1986 a 1992, sofria de câncer
DA ASSOCIATED PRESS
Morreu na madrugada de hoje, aos 76 anos, a presidente das
Filipinas Corazón Aquino
(1986-1992), artífice da insurreição popular que derrubou a
ditadura de 20 anos de Ferdinand Marcos em 1986 depois
de uma eleição fraudada e resistiu a sete tentativas de golpe.
Segundo seu filho, o senador
Benigno "Noynoy" Aquino 3º,
ela morreu às 3h18 (16h18 de
ontem em Brasília) na capital
das Filipinas, Manila.
"Tita [tia] Cory" havia sido
diagnosticada com câncer no
reto em estágio avançado no
ano passado e passou seu último mês de vida no hospital. Segundo Noynoy, sua mãe já se
encontrava em estado muito
fragilizado para continuar o
tratamento de quimioterapia.
A presidente filipina, Gloria
Arroyo, em visita oficial aos
EUA, emitiu comunicado dizendo que "a nação inteira está
de luto". Arroyo declarou luto
nacional e anunciou um funeral de Estado para Aquino.
O levante popular liderado
por Aquino em 1986 inspirou
vários movimentos não violentos de resistência pelo mundo,
incluindo os que derrubaram
os regimes comunistas do Leste Europeu no final da década.
A ascensão de sua carreira
política teve início com o assassinato do seu marido e líder
oposicionista Benigno "Ninoy"
Aquino Jr. na pista do aeroporto internacional da capital filipina quando retornava do exílio nos EUA para desafiar o antigo adversário Marcos -que
havia sido eleito em 1965 e instituído uma ditadura em 1972.
Em 1985, apenas um ano antes de concorrer à Presidência,
Aquino disse que "não sabia nada sobre ser presidente". Em
1986, aceitou concorrer, unindo uma fragmentada e desarticulada oposição, o empresariado e, mais tarde, as Forças Armadas para depor o ditador em
meio à condenação internacional às fraudes nas eleições.
Uma vez no cargo, porém,
Aquino teve dificuldades para
corresponder às altas expectativas geradas na população e
mesmo entre aliados mais próximos durante o curto período
em que liderou a oposição.
Seu programa de redistribuição de terras não logrou reverter o histórico de dominação da
elite latifundiária filipina, da
qual sua própria família fazia
parte. Sua liderança para promover reformas sociais e econômicas foi por vezes considerada frágil, desiludindo muitos
partidários ao final do governo.
Aquino foi a primeira presidente mulher não apenas das
Filipinas, mas de toda a Ásia.
Nascida em 25 de janeiro de
1933 em uma rica família de Paniqui (120 km ao norte de Manila), Aquino graduou-se em
francês no College of Mount St.
Vincent, em Nova York.
Em 1954, casou com "Ninoy"
Aquino, rebento de outra família política filipina que de governador provincial passou a
senador e depois líder opositor.
Aquino e o marido foram para o exílio em 1980 após pressão do então presidente americano Jimmy Carter sobre Marcos, que condenara "Ninoy" à
morte. A presidente, que teve
cinco filhos, voltou a Manila
apenas três dias após a morte
do marido e liderou seu funeral, que reuniu estimados 2 milhões de pessoas, iniciando sua
bem-sucedida carreira política.
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