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Farc são problema regional, diz ministro do Equador
Miguel Carvajal, da pasta de Segurança, crê que cooperação Quito-Bogotá dá frutos e pede inspeção da Unasul nas fronteiras
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A QUITO
Nos seis primeiros meses
deste ano, o Equador diz ter
desmontado 62 "instalações" das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em seu território-
casas vazias na selva e postos
de observação. Em janeiro,
avisaram os colombianos de
um combate em uma área
fronteiriça onde morreram
três guerrilheiros.
Dias depois, a Colômbia
bombardeou um local próximo, no seu lado da divisa, e
matou Ángel Gabriel Lozada,
o "Edgar Tovar", chefe importante das Farc.
Quem conta é Miguel Carvajal, ministro da Segurança
Interna e Externa do Equador. O relato do integrante do
governo esquerdista Rafael
Correa, aliado de Hugo Chávez, expõe a complexidade
da fronteira. Ao mesmo tempo, oferece elementos que
podem nortear a resolução
da crise Bogotá-Caracas.
Carvajal integrou parte da
negociação do processo de
normalização das relações
com a Colômbia, rompidas
após o bombardeio colombiano às Farc no Equador,
em 2008. O ataque provocou
a crise mais grave da década
na sub-região, e nem todas as
feridas foram sanadas.
Mas os governos Correa e
Uribe resolveram separar a
questão em dois campos: a
reativação da cooperação militar e inteligência e uma comissão de "temas sensíveis",
na qual Quito ainda espera
obter de Bogotá detalhes do
bombardeio.
"Esperamos que o próximo governo cumpra a promessa de entregar os supostos computadores encontrados [ no local]", diz Carvajal.
O ministro diz que não se
pode ignorar que o conflito
que é colombiano -frisa-
transborda fronteiras e gera
instabilidade regional. Para
ele, o melhor é cooperar.
A operação que matou
"Tovar" -a ajuda equatoriana foi elogiada publicamente
por Bogotá- só foi possível
porque se restabeleceu em
outubro a Combifron, a Comissão Binacional de Fronteira, para intercâmbio de segurança e defesa. Venezuela
e Colômbia não têm mecanismo similar desde 2002.
Mas para que esse elo funcione é preciso dissipar todas
os elementos que impedem a
confiança entre os Estados,
ele diz, e impedem que a região seja uma zona de paz.
Carvajal critica a Colômbia
por jogar o peso do conflito
sobre os vizinhos e montar
"operações midiáticas" para
desacreditar suas políticas
de segurança. "Sofremos isso
até meados do ano passado."
"Qualquer grupo armado
será repelido. Mas não aceitamos operações conjuntas
com a Colômbia. Que façam
em seu território o que têm de
fazer. Pedimos que a Colômbia militarize sua fronteira."
O ministro diz que o Equador passou de um efetivo de
500 homens para 5.000
-dentro de um contingente
total de 45 mil- na divisa de
mais de 700 km. Quer que o
vizinho combata o cultivo de
35 mil ha de coca no seu lado
da divisa. Defende inspeções
da Unasul (União de Nações
Sul-Americanas) em todas as
fronteiras da Colômbia -e
também do lado colombiano.
A comissão também deveria, diz, revisar as bases militares na Colômbia que serão
usadas pelos EUA para que
"haja confiança de que, como dizem Bogotá e EUA, não
serão equipadas com instrumental de espionagem que
possa afetar nossos países".
FOLHA.com
Leia íntegra da entrevista
com ministro do Equador
folha.com.br/mu775762
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