|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula diz que irá interceder por iraniana
Presidente diz que vai propor a Ahmadinejad que Brasil receba Sakineh, condenada à morte por apedrejamento
Comutação da pena é objeto de um abaixo-assinado; presidente falou em Curitiba, em um evento com Dilma
DIMITRI DO VALLE
DE CURITIBA
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva disse ontem,
em Curitiba (PR), que irá propor ao líder iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que o
Brasil receba a iraniana Sakineh Ashtiani, 43.
Condenada à morte por
apedrejamento por adultério, Sakineh está presa no Irã
desde 2006 por envolvimento no assassinato do marido.
Já recebeu 99 chibatadas por
manter "relacionamento ilícito" com outro homem e depois foi condenada à morte.
"Se vale a minha amizade
e o carinho que eu tenho pelo
presidente do Irã e o povo iraniano, se essa mulher está
causando incômodo, a receberíamos no Brasil de bom
grado", disse Lula, que falou
que vai telefonar para o iraniano para falar do assunto.
Lula disse que respeita "a
soberania e as leis de cada
país", mas que "nada justifica o Estado tirar a vida de alguém". "Afinal, só Deus dá a
vida, só ele é que deve tirar."
Durante o discurso, em um
ato de campanha com a candidata à Presidência Dilma
Rousseff (PT), Lula comparou, em tom de brincadeira,
como seria se a situação envolvesse um homem que teve
um caso extraconjugal.
"Fico imaginando se um
dia tivesse um país do mundo que se o homem trair fosse
apedrejado. Eu queria saber
quem é que ia gritar: atire a
primeira pedra iá iá aquele
que não traiu", disse cantarolando, provocando risos.
TEMA DE CAMPANHA
Dilma falou que a decisão
de Teerã "fere" a "nós que temos sensibilidade, humanidade". Caso ela seja eleita e a
situação da iraniana não se
resolva até 2011, Lula pediu
que a candidata fale com o
Irã para tentar a liberação.
ONGs lançaram abaixo-assinado na internet em prol da
iraniana que tem 141 mil assinaturas -a maioria sem validade, mas há celebridades
como o ex-presidente FHC.
Em nota, a ONG que organizou o protesto exaltou as
declarações de Lula, que vêm
após silêncio de Brasília.
Perguntado se pediria perdão à iraniana, ele havia dito: "Um presidente não pode
ficar atendendo tudo que alguém pede de outro país. (...)
É preciso cuidado, porque as
pessoas têm leis, as pessoas
têm regras. Se começam a desobedecer as leis deles para
atender o pedido de presidentes, vira avacalhação".
O apedrejamento se transformou também em tema da
disputa para a Presidência. A
campanha do tucano José
Serra criticara a "omissão"
de Dilma sobre o caso.
Texto Anterior: Farc são problema regional, diz ministro do Equador Próximo Texto: Frases Índice
|