São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2010

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Lula diz que irá interceder por iraniana

Presidente diz que vai propor a Ahmadinejad que Brasil receba Sakineh, condenada à morte por apedrejamento

Comutação da pena é objeto de um abaixo-assinado; presidente falou em Curitiba, em um evento com Dilma

DIMITRI DO VALLE
DE CURITIBA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em Curitiba (PR), que irá propor ao líder iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que o Brasil receba a iraniana Sakineh Ashtiani, 43.
Condenada à morte por apedrejamento por adultério, Sakineh está presa no Irã desde 2006 por envolvimento no assassinato do marido. Já recebeu 99 chibatadas por manter "relacionamento ilícito" com outro homem e depois foi condenada à morte.
"Se vale a minha amizade e o carinho que eu tenho pelo presidente do Irã e o povo iraniano, se essa mulher está causando incômodo, a receberíamos no Brasil de bom grado", disse Lula, que falou que vai telefonar para o iraniano para falar do assunto.
Lula disse que respeita "a soberania e as leis de cada país", mas que "nada justifica o Estado tirar a vida de alguém". "Afinal, só Deus dá a vida, só ele é que deve tirar."
Durante o discurso, em um ato de campanha com a candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT), Lula comparou, em tom de brincadeira, como seria se a situação envolvesse um homem que teve um caso extraconjugal.
"Fico imaginando se um dia tivesse um país do mundo que se o homem trair fosse apedrejado. Eu queria saber quem é que ia gritar: atire a primeira pedra iá iá aquele que não traiu", disse cantarolando, provocando risos.

TEMA DE CAMPANHA
Dilma falou que a decisão de Teerã "fere" a "nós que temos sensibilidade, humanidade". Caso ela seja eleita e a situação da iraniana não se resolva até 2011, Lula pediu que a candidata fale com o Irã para tentar a liberação.
ONGs lançaram abaixo-assinado na internet em prol da iraniana que tem 141 mil assinaturas -a maioria sem validade, mas há celebridades como o ex-presidente FHC.
Em nota, a ONG que organizou o protesto exaltou as declarações de Lula, que vêm após silêncio de Brasília.
Perguntado se pediria perdão à iraniana, ele havia dito: "Um presidente não pode ficar atendendo tudo que alguém pede de outro país. (...) É preciso cuidado, porque as pessoas têm leis, as pessoas têm regras. Se começam a desobedecer as leis deles para atender o pedido de presidentes, vira avacalhação".
O apedrejamento se transformou também em tema da disputa para a Presidência. A campanha do tucano José Serra criticara a "omissão" de Dilma sobre o caso.


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