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Especialistas divergem sobre eficácia de barreira
GUSTAVO CHACRA
DA REDAÇÃO
"Onde há cerca, não há terror. Onde não há cerca, há terror", afirmou o ministro da Segurança Pública de Israel, Tzachi Hanegbi, pouco após o duplo atentado de ontem.
A declaração deixa claro que
o governo do premiê israelense, Ariel Sharon, está satisfeito
com os resultados da barreira
que está sendo erguida na Cisjordânia para separar Israel das
áreas palestinas. A ação de ontem ocorreu em uma área onde
a barreira não foi construída.
Dois analistas ouvidos pela
Folha concordam com o governo israelense. Outro especialista diverge e afirma que há
mais fatores contribuindo para
a redução dos ataques.
Para Yoran Schweitzer, especialista em terrorismo internacional do Centro Jaffa de Estudos Estratégicos, em Israel, a
estratégia de Sharon tem sido
eficiente, como fica comprovado no longo período sem ataques terroristas.
"A cerca é a melhor arma,
mas não é garantia de segurança máxima", disse Schweitzer.
O especialista acrescenta que
todos os dias grupos palestinos
são impedidos pelas forças israelenses de cometer ataques.
"Porém, desta vez, [os terroristas] obtiveram sucesso", disse,
ressaltando que não deve ocorrer uma onda de atentados nas
próximas semanas.
Os grupos palestinos, segundo o especialista, também foram afetados pela morte do xeque Ahmed Yassin, líder do
Hamas, e de seu sucessor, Abdel Aziz Rantisi. Desde o assassinato deles, em março e abril
respectivamente, não havia
ocorrido atentados de grande
magnitude em Israel.
Uzi Benziman, analista do
diário israelense "Haaretz",
tem opinião similar à de
Schweitzer. Para ele, o ataque
de ontem ocorreu por uma falha dos serviços de segurança,
que têm conseguido na maioria das vezes impedir que suicidas entrem no país.
Sobre a barreira, Benziman
afirma: "Certamente Sharon
dirá que a construção precisa
ser acelerada". O analista israelense acrescenta que não há dúvida de que a barreira tem imposto muitas dificuldades aos
terroristas palestinos.
Rashid Khalidi, diretor do
Instituto de Oriente Médio da
Universidade de Columbia, em
Nova York, afirma que a barreira não é a única responsável
pela queda no número de ataques terroristas. "Os israelenses dirão isso, mas houve outros fatores, como a intervenção da inteligência egípcia nas
áreas palestinas e até mesmo
das forças palestinas", disse.
O professor americano de
origem líbano-palestina salienta que ocorreram duas falhas, e
não uma, das forças de segurança de Israel: "Foram dois
suicidas, em dois ônibus". Para
Khalidi, não haverá mudança
na política de Sharon e o terrorismo somente cessará totalmente quando acabar a ocupação dos territórios palestinos.
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