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Conversão do presidente
vira peça de campanha
DO ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
Milhares de delegados e convencionais republicanos vão deixar Nova York nesta semana levando para seus Estados uma cópia em DVD de um filme que
mostra a transformação de George W. Bush de fumante e quase alcoólatra em um presidente que levou a Bíblia para a Casa Branca.
"Faith in the White House" (fé
na Casa Branca) foi lançado e exibido pela primeira vez ontem na
Convenção Republicana. A Folha
acompanhou a "première".
O objetivo do filme é chegar às
igrejas americanas antes da eleição de novembro, em paralelo
com uma campanha maciça organizada para registrar eleitores nas
congregações.
Produzida a um custo de US$
700 mil, a obra é um misto de documentário e filme que usa um
ator parecido com Bush e mostra
dezenas de entrevistas com amigos e parentes do presidente.
O filme conta o envolvimento
de Bush com questões religiosas
desde os sete anos e relata todas as
iniciativas envolvendo milhões de
dólares que o presidente tem adotado em seu governo, além de ressaltar sua forte oposição ao casamento gay e ao aborto.
Há uma defesa clara do uso de
princípios religiosos no governo e
relatos de como Bush faz orações
com seus assessores antes de reuniões importantes e sessões semanais de leitura da Bíblia.
Segundo o filme, Bush tomou a
decisão de parar de beber e se tornar "um religioso fervoroso" um
dia depois de completar 40 anos,
em 1986, quando ainda curtia a
ressaca da noite anterior.
"Bush era um homem sem direção que precisava desesperadamente de Deus", diz o narrador.
Depois da conversão, o Bush
ator, que é extremamente parecido com o presidente, aparece trabalhando para a campanha eleitoral de seu pai, em 1988.
Em um comitê, é assediado por
uma mulher. Ele se afasta, quase
gritando: "Sou um homem casado!". De uma reunião com lobistas em Washington, sai indignado
diante de uma proposta escusa.
Em outra cena, o ator aparece rezando no alto de um colina.
Repleto de imagens reais do
presidente falando sobre religião
e de orações na Casa Branca, o filme ataca os críticos que vêem em
Bush uma ameaça à separação entre a igreja e o Estado.
O locutor do filme diz ainda que
"o grande perigo dos EUA é que o
país abandone os princípios religiosos que vêm orientando a
grande nação norte-americana".
Antes de seu final, a obra mostra
os dois aviões explodindo contra
o World Trade Center e as imagens do presidente sobre os escombros das torres. "Todos temos de ajudar o presidente a continuar o seu trabalho contra o
grande mal", afirma o locutor.
Em desvantagem em relação
aos democratas na parcela dos
eleitores que mais cresce nos EUA
-os hispânicos-, o Partido Republicano vêm empreendendo
uma verdadeira "cruzada" para
conseguir filiações entre os conservadores religiosos.
Um documento da campanha
de Bush prevê o registro dos eleitores até 26 de setembro e a distribuição de guias de votação nas
igrejas no último domingo antes
da eleição de 2 de novembro.
Pesquisas indicam que os conservadores cristãos somam 19%
do eleitorado nos EUA. Em 2000,
82% deles votaram em Bush.
Na eleição passada, metade dos
195 milhões de americanos aptos
a votar não o fez. Os republicanos
estimam que, entre os que ficaram em casa, havia 5 milhões de
cristãos conservadores que poderiam ter escolhido Bush.
(FCz)
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