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Irã desafia o ultimato da ONU
Relatório da AIEA aponta que Teerã está enriquecendo urânio, mas não conclui se fim é pacífico ou militar
Texto abre caminho para a aplicação de sanções, como defendem os EUA, mas negociações continuam
na próxima semana
ISNA/Associated Press
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O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, faz discurso em Orumiyeh em que se nega a ceder a pressões internacionais para suspender seu programa nuclear |
DA REDAÇÃO
No dia em que terminou o
prazo para que o Irã interrompesse o programa de enriquecimento de urânio, a AIEA
(Agência Internacional de
Energia Atômica) divulgou relatório em que confirma que a
república islâmica não cessou
essas atividades nucleares.
O relatório abre caminho para que o Conselho de Segurança
da ONU aprove uma resolução
impondo sanções ao Irã; no entanto, a agência se disse incapacitada para esclarecer se o programa nuclear iraniano é de natureza pacífica ou militar, questão determinante para a aplicação de sanções.
Na semana que vem o CS deve se reunir para definir os próximos passos. Enquanto isso,
diplomatas europeus e iranianos se esforçaram para manter
os canais de negociação abertos. Na próxima semana, o chefe da política exterior da União
Européia, Javier Solana, e o
principal negociador iraniano
no tema nuclear, Ali Larijani, se
reunirão.
O relatório da AIEA afirma
que o Irã retomou nos últimos
dias o enriquecimento de urânio em pequena escala e que a
falta de cooperação por parte
de Teerã impediu que a agência
fizesse uma inspeção completa.
"O Irã não suspendeu suas
atividades relacionadas ao
enriquecimento", disse o documento. "O Irã não atendeu às
questões de verificação nem
promoveu a transparência necessária para remover algumas
incertezas associadas a algumas de suas atividades."
"A agência continua incapaz
de fazer progressos em seu esforço de verificar a correção das
declarações do Irã com o objetivo de confirmar a natureza
pacífica do programa nuclear
iraniano."
O presidente dos EUA, George W. Bush, disse que o Irã deve
"enfrentar as conseqüências"
de não ter cumprido o ultimato
fixado pela ONU.
"É tempo de o Irã fazer uma
escolha. Nós fizemos a nossa.
Vamos continuar trabalhando
com nossos aliados para tentar
encontrar uma solução diplomática, mas deve haver conseqüências para a atitude desafiadora do Irã, e não devemos permitir que o Irã desenvolva uma
arma nuclear."
O embaixador dos EUA na
ONU, John Bolton, disse não
ser necessária uma decisão
unânime no CS para punir o
Irã, em alusão à relutância de
China e Rússia. "Não há outra
explicação para o comportamento do Irã além de que está
buscando desenvolver armas."
Ontem, pouco antes do fim
do prazo, o presidente do Irã,
Mahmoud Ahmadinejad, disse
em discurso que não cederá às
pressões internacionais. "A nação iraniana nunca irá abandonar seu direito óbvio de uma
tecnologia nuclear pacífica."
O chanceler francês, Philippe
Douste-Blazy, reagiu. "Deploro
a resposta insatisfatória do Irã
sobre as propostas de negociação", disse. "Ainda estou convencido de que o caminho do
diálogo deve ser favorecido."
O Irã diz que quer desenvolver energia atômica para fins
pacíficos (produção de eletricidade), mas teria escondido pesquisas dos inspetores da AIEA
por vários anos. O Conselho de
Segurança teme que o país desenvolva armas atômicas.
Sem provas
O relatório da AIEA diz que
os inspetores encontraram traços de urânio enriquecido, de
uso potencial no desenvolvimento de armas atômicas, no
depósito de dejetos de Karaj e
pediram ao Irã que explicasse a
fonte de contaminação.
"Questões adicionais sobre o
escopo e a natureza do programa nuclear iraniano surgiram
durante inspeções recentes",
diz uma fonte próxima à AIEA.
No entanto, acrescentou, "os
inspetores não descobriram
nenhuma prova concreta de
que o programa nuclear iraniano é de natureza militar".
Isso levou o Irã a comemorar
o documento. "Em termos gerais, apesar de não ter nos satisfeito, esse relatório mostra que
a programa da América e suas
acusações com motivações políticas sobre o programa nuclear iraniano não têm fundamento e são baseadas nas alucinações das autoridades americanas", disse o vice-diretor da
Organização de Energia Atômica do Irã, Mohammad Saeedi.
Com agências internacionais
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