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Mudança no governo japonês põe em xeque laços com EUA
Novo primeiro-ministro deve manter relação menos subserviente com Washington
Analistas creem que Tóquio buscará voz mais ativa no relacionamento em troca de continuar auxiliando EUA em temas como Afeganistão
DO "FINANCIAL TIMES"
O Japão deve se tornar um
aliado mais exigente dos EUA
depois da histórica vitória eleitoral do Partido Democrata do
Japão (PDJ), afirmam analistas
em Washington e em Pequim.
Enquanto os EUA esperam,
nas palavras do Departamento
de Estado, "trabalhar com o novo governo para cimentar ainda
mais essa aliança indispensável", o resultado em Pequim foi
recebido com cauteloso otimismo. As autoridades chinesas
esperam maior envolvimento
regional do Japão e menos foco
na aliança com os EUA.
"O Japão cobrará aquilo que
já definiu como igualdade no
relacionamento. E isso será incomum. Os EUA há anos veem
o Japão como um aliado permanente. A aliança com o Japão foi sempre fácil. Agora, ante uma China em ascensão, o
Japão pedirá mais dos EUA",
diz Dennis Wilder, assessor do
ex-presidente George W. Bush
para assuntos asiáticos.
Wilder prevê que o novo governo venha a solicitar consultas formais e regulares de primeiro escalão com Washington, semelhantes ao diálogo estratégico e econômico que os
EUA mantêm com a China, e
que pode vincular a esse tipo de
cooperação o atendimento de
pedidos americanos em temas
como a ajuda no Afeganistão.
Isso pode tornar mais difícil
garantir compromissos como a
promessa japonesa de custear
durante seis meses os salários
da polícia afegã.
Steve Clemons, da organização de pesquisa New America
Foundation, diz que o sistema
estabelecido em parte durante
a ocupação americana do Japão
depois da Segunda Guerra
Mundial está chegando ao fim.
"Em minha opinião, o Japão
está a ponto de fazer aquilo que
o [ex-premiê] Gerhard Schröder [1998-2005] fez na Alemanha. A Alemanha reconquistou
a soberania aos olhos do próprio povo e deixou de ser um
satélite dos EUA na região."
Analistas americanos concordam que outras possíveis
causas de disputas incluem a
base militar americana em Okinawa, à qual o PDJ se opõe, e a
política quanto ao programa
nuclear da Coreia do Norte.
Pequim está cautelosa quanto às incertezas que acompanham a transição para um partido inexperiente, mas recebe
de forma positiva a mudança.
"A troca de governo no Japão
está sendo apresentada internamente na China como um repúdio a políticas que Pequim
não aprovava, como a proximidade entre Japão e EUA e uma
posição defensiva mais robusta", disse Russell Moses, analista de política chinesa.
A China também está satisfeita com a promessa do PDJ de
que seus líderes não visitarão o
templo de Yasukuni, que honra
os mortos de guerra japoneses.
Essa política "removeu um potencial fator explosivo no relacionamento", diz Zhou Yongsheng, da Universidade de Assuntos Exteriores da China.
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