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Chefe militar dos EUA no Afeganistão cobra reforma de estratégia
General McChrystal recomenda, em relatório ao Pentágono, o "aumento do esforço integrado" para vencer o confronto
Documento não aborda o envio de mais tropas, o que depende de estudo de custo e da avaliação de como isso seria visto pelos afegãos
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
A vitória na Guerra do Afeganistão é possível, mas depende
de uma mudança de estratégia.
Essa é a conclusão do general
Stanley McChrystal, comandante das forças americanas e
da Otan (a aliança militar ocidental) na região em relatório
de revisão da atuação no país
entregue ontem ao Pentágono.
"A situação no Afeganistão é
séria, mas o sucesso pode ser alcançado e requer a implementação de uma estratégia revisada, compromisso e resolução e
aumento do esforço integrado",
afirmou em comunicado.
McChrystal trabalhou nesse
relatório desde junho, quando
assumiu o cargo. Uma das principais preocupações do general, no entanto, ficou fora do
documento: a necessidade de
mais soldados.
O secretário da Defesa, Robert Gates, já dissera antes que
qualquer solicitação nesse sentido deveria ser feita separadamente. O número de soldados
estrangeiros hoje no Afeganistão chega a 103 mil -63 mil dos
EUA. Até o fim do ano, o total
de americanos será de 68 mil.
Gates afirmou ontem que
qualquer aumento adicional de
tropas levará em conta a avaliação se o movimento seria percebido pelo povo afegão como
uma ocupação ou uma parceria, ou ainda uma perda de confiança. Afirmou ainda que é
preciso atentar para os custos.
O relatório inclui o pedido de
aumento das forças de segurança afegãs e uma aceleração no
ritmo de treinamento desse
pessoal. Atualmente, existem
cerca de 134 mil policiais afegãos e 82 mil soldados.
O relatório foi divulgado no
momento em que os EUA veem
avanço do Taleban no país e
uma escalada no número de
mortes dos seus soldados, que
neste ano chegou a 179.
Agosto foi o mês mais sangrento do conflito. O envio de
mais tropas para a região pode
representar um custo político
adicional para o presidente Barack Obama. A última pesquisa
Washington Post-ABC afirma
que apenas 49% consideram
que o conflito vale a pena.
Na visão de McChrystal, o foco deve ser a proteção do povo
afegão, de modo a isolar os insurgentes. Isso significa, na
prática, não só investir no arsenal de guerra como também em
desenvolvimento econômico e
governança. Além disso, avalia
que 60% do problema estaria
resolvido se os militantes do
Taleban tivessem emprego.
O país ainda se encontra em
uma espécie de limbo político,
com a falta de um resultado final para as eleições realizadas
no último dia 20. O pleito enfrentou mais problemas no sul
do país. Lal Mohammad, um fazendeiro de 40 anos, disse a repórteres em um hospital de Cabul que foi surpreendido por
militantes do Taleban a caminho do local de votação. Ele teve as orelhas e parte do nariz
decepados.
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