São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2010

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Hamas mata 4 e ameaça cúpula de paz

Colonos israelenses sofrem emboscada perto de Hebron; assassinato ocorre na véspera de reunião nos EUA

Rumo aos EUA, premiê Binyamin Netanyahu pede uma "ação sem limites" para capturar os autores do ataque


Mohammed Salem/Reuters
Na faixa de Gaza, homens palestinos comemoramo atentado contra colonos israelenses

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

A violência voltou ontem aos territórios ocupados por Israel, na véspera do reinício das negociações de paz com os palestinos.
Quatro israelenses foram mortos a tiros perto de Hebron, na Cisjordânia, entre eles uma mulher grávida.
A ação foi reivindicada pelo grupo islâmico Hamas, que controla a faixa de Gaza e é radicalmente contrário à negociação com Israel.
O atentado deve reforçar o clima de pessimismo que cerca o esforço americano de aproximar israelenses e palestinos numa nova rodada do processo de paz a partir de hoje, em Washington.
Além disso, abala a sensação de segurança gerada nos últimos meses pela cooperação entre as forças de Israel e da ANP (Autoridade Nacional Palestina), que administra a Cisjordânia. Foi o pior atentado contra civis israelenses em mais de dois anos.
Segundo o Exército de Israel, o carro com dois casais de colonos estava numa estrada perto do assentamento de Kiryat Arba, quando atiradores palestinos emparelharam e abriram fogo.
As vítimas, todas de uma mesma família, moravam no pequeno assentamento de Beit Hagai, ao sul da cidade de Hebron, um dos principais focos de tensão entre israelenses e palestinos.
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, que estava a caminho da cúpula de Washington quando o ataque ocorreu, ordenou que as forças de segurança israelenses "ajam sem limites políticos para capturar os autores".
"Essa ação criminosa mostra mais uma vez que temos que ser firmes nas demandas de segurança", disse o porta-voz do premiê, Nir Hefez.
A Embaixada de Israel em Washington divulgou comunicado condenando o atentado, mas reiterando que a retomada das negociações seguirá conforme o planejado.
O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, foi informado do ataque quando estava reunido em Washington com a secretária de Estado americana, Hillary Clinton.
Nabil Abu Rudeineh, porta-voz de Abbas, disse que a ANP sempre foi contra a morte de civis "de ambos os lados" e que o atentado de ontem reforça a necessidade de avançar com rapidez no processo de paz".
Rival da ANP, o Hamas aplaudiu a ação como "uma reação natural aos crimes cometidos por Israel e pelos colonos".
A violência contra colonos israelenses constrange a ANP e mostra o tamanho do obstáculo que a divisão entre os palestinos representa para a negociação que se inicia hoje em Washington.
Para a direita israelense, trata-se de uma confirmação de que a diplomacia não assegura segurança, muito pelo contrário.
"Ficou claro que os períodos mais violentos ocorrem durante processos políticos", disse o deputado Uri Ariel, do partido União Nacional, que integra a coalizão de governo. "Netanyahu deve congelar as negociações e focar na segurança de Israel".


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