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ÁSIA
Giovanni Gao Kexian, 76, da "igreja clandestina"; estava preso havia cinco anos, em local não-informado, para "reeducação"
Vaticano anuncia morte de bispo em prisão na China
DA REPORTAGEM LOCAL
O Vaticano anunciou a morte,
na prisão, de d. Giovanni Gao Kexian, 76, bispo católico chinês da
diocese de Yan Thai, na Província
de Shandong. Ele havia sido preso
em 1999 e mantido em "reeducação" em local desconhecido.
O anúncio da morte, ocorrida
em agosto, foi feito em Roma no
último dia 11. O corpo do bispo foi
entregue aos familiares, para sepultamento, dentro de um saco
reservado a indigentes.
Gao Kexian integrava o catolicismo "clandestino", que obedece
o papa e convive na China com a
chamada Associação Católica Patriótica, que não tem ligações com
o Vaticano, é subserviente ao regime e cujos templos são tolerados.
Gao Kexian havia sido nomeado bispo em 1993, mas sua nomeação permaneceu sigilosa para
que ele não fosse exposto a novas
perseguições políticas.
O Vaticano mantém em sua hierarquia bispos e cardeais nomeados "in pectori". Apenas o papa
conhece a identidade desses prelados, que atuam em países em
que a liberdade religiosa sofre sérias limitações.
Segundo a agência Asia News,
só há três anos foi revelado que
Giovanni Gao Kexian era um bispo. Homem tímido e reservado,
sabe-se muito pouco sobre sua
biografia, a não ser que lecionou
num seminário clandestino para
a formação de religiosos e que
seus párocos estavam em zonas
rurais, em Shandong e Hebei. Sua
diocese teria hoje 30 mil católicos.
Em 2002, ao visitar Pequim, o
presidente norte-americano,
George W. Bush, pediu ao ex-presidente e ainda poderoso Jiang
Zemin que intercedesse por sua libertação, o que não ocorreu.
Um outro bispo, Giuseppe Van
Zueyan, teria sido seqüestrado e
morto sob torturas em 1992.
Segundo o Vaticano, só em
agosto último foram presos oito
padres e dois seminaristas chineses. Estão desaparecidos os bispos
Giacomo Su Zhimin, desde 1997,
e Francesco An Shuxin, desde o
ano anterior.
A Fundação Ignatius Kung,
criada nos Estados Unidos para
lutar pela liberdade religiosa na
China, afirma que estão hoje em
prisões quatro bispos e 21 padres.
Outros seis bispos estão em prisão
domiciliar. Há quatro padres desaparecidos. Pelos números do
Vaticano, só na diocese de Baoding seriam 23 os padres presos.
A fundação Kung traz o nome
do cardeal de Xangai, que permaneceu preso por 30 anos por se
manter fiel ao papa.
O porta-voz do Vaticano, Joaquin Navarro-Valls, denunciou
no início de setembro uma nova
onda de perseguição oficial contra católicos na China, "numa
grave violação da liberdade religiosa, que é um direito humano
fundamental", disse ele, segundo
a agência Reuters.
O Vaticano, que não reconhece
a China continental -relaciona-se apenas com Taiwan- fez no
mês passado sua terceira crítica
no ano ao regime de Pequim.
No caso do catolicismo, as estimativas são de que existam de 8
milhões a 12 milhões de fiéis
"clandestinos" e de 4 milhões a 5
milhões de católicos da igreja "patriótica". O país tem 1,3 bilhão de
habitantes.
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