São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2006

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HUNGRIA

Crise faz voto em Budapeste ganhar dimensão européia

PAULO REBÊLO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BUDAPESTE

Deveria ser apenas mais uma eleição local, mas hoje todas as atenções da União Européia estão voltadas às urnas da Hungria, que vão mostrar quem será o prefeito de Budapeste durante os próximos quatro anos. Diante do atual momento de instabilidade política e econômica do país, o resultado do pleito significa muito mais para a UE do que a maioria dos húngaros imagina.
O atual prefeito de Budapeste, Gábor Demszky, ocupa o cargo há 16 anos e concorre a mais um mandato -a reeleição ilimitada é permitida no país. Seu principal opositor é o "independente" István Tárlos, que tem apoio do Fidesz, partido da extrema-direita e principal opositor do atual governo.
Ex-prefeito de um dos distritos de Budapeste, Tárlos promete endurecer a oposição aos representantes do governo no Parlamento.
O discurso da oposição preocupa a UE, atenta às prometidas reformas econômicas que tardam cada vez mais na Hungria, um dos países com o maior déficit público do bloco e sem expectativas de adotar o euro, a moeda comum européia, antes de 2012. A Hungria faz parte da UE desde 2004.
Nas duas últimas semanas, Budapeste tem enfrentado protestos e manifestações violentas contra o premiê Ferenc Gyurcsany, do Partido Socialista, que admitiu, em uma fita vazada à imprensa, ter maquiado números da economia para ganhar as eleições de abril.
Gyurcsany tem dito que não deixa o cargo. No entanto, se a oposição representada por Tárlos vencer o pleito em Budapeste, a situação de Gyurcsany pode se tornar insustentável e colocar em xeque os compromissos políticos do país com a UE.
"A extrema-direita ganhou muito apoio por causa dos protestos, muita gente está decepcionada com o governo. Mas achamos difícil eles [a oposição] ganharem as eleições em Budapeste. Se isso acontecer, teremos problemas no Parlamento e em várias cidades, porque o governo perde sustentação e haverá novas crises internas de poder, sem contar com a provável perda de apoio da Comissão Européia", explica à Folha o representante da Sociedade Húngara-Européia, Istvan Hegedus.


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