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HUNGRIA
Crise faz voto em Budapeste ganhar dimensão européia
PAULO REBÊLO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BUDAPESTE
Deveria ser apenas mais
uma eleição local, mas hoje
todas as atenções da União
Européia estão voltadas às
urnas da Hungria, que vão
mostrar quem será o prefeito
de Budapeste durante os
próximos quatro anos. Diante do atual momento de instabilidade política e econômica do país, o resultado do
pleito significa muito mais
para a UE do que a maioria
dos húngaros imagina.
O atual prefeito de Budapeste, Gábor Demszky, ocupa o cargo há 16 anos e concorre a mais um mandato -a
reeleição ilimitada é permitida no país. Seu principal opositor é o "independente" István Tárlos, que tem apoio do
Fidesz, partido da extrema-direita e principal opositor
do atual governo.
Ex-prefeito de um dos distritos de Budapeste, Tárlos
promete endurecer a oposição aos representantes do
governo no Parlamento.
O discurso da oposição
preocupa a UE, atenta às
prometidas reformas econômicas que tardam cada vez
mais na Hungria, um dos países com o maior déficit público do bloco e sem expectativas de adotar o euro, a moeda comum européia, antes de
2012. A Hungria faz parte da
UE desde 2004.
Nas duas últimas semanas,
Budapeste tem enfrentado
protestos e manifestações
violentas contra o premiê
Ferenc Gyurcsany, do Partido Socialista, que admitiu,
em uma fita vazada à imprensa, ter maquiado números da economia para ganhar
as eleições de abril.
Gyurcsany tem dito que
não deixa o cargo. No entanto, se a oposição representada por Tárlos vencer o pleito
em Budapeste, a situação de
Gyurcsany pode se tornar insustentável e colocar em xeque os compromissos políticos do país com a UE.
"A extrema-direita ganhou
muito apoio por causa dos
protestos, muita gente está
decepcionada com o governo. Mas achamos difícil eles
[a oposição] ganharem as
eleições em Budapeste. Se isso acontecer, teremos problemas no Parlamento e em
várias cidades, porque o governo perde sustentação e
haverá novas crises internas
de poder, sem contar com a
provável perda de apoio da
Comissão Européia", explica
à Folha o representante da
Sociedade Húngara-Européia, Istvan Hegedus.
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