|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Apesar de Ahmadinejad negar, homossexuais insistem em existir no Irã
DO "NEW YORK TIMES"
Quando o iraniano Reza,
29, ouviu que seu presidente,
Mahmoud Ahmadinejad,
negara que houvesse homossexuais no Irã, ele ficou surpreso. Mas não chocado: Reza sabe a verdade, ele é gay.
Em casa, em Teerã, ele
conta que o Irã está cheio de
homens e mulheres gays. A
diferença da vida deles para a
dos gays na Europa e nos
EUA está no reconhecimento e na legitimidade. "Você
pode ter uma vida gay secreta desde que não comece a
exigir seus direitos", afirma.
Reza, que morou na Europa por um longo período, diz
que a vida gay no Irã "é tão
complicada quanto é para
outros grupos, como trabalhadores e feministas, que
não têm muitos direitos".
Desde que Ahmadinejad
proferiu seu discurso na
Universidade Columbia, em
Nova York, há uma semana,
a discussão sobre a homossexualidade foi sufocada. Sociólogos e outros analistas
que aceitaram falar anonimamente disseram que o
presidente foi claramente
pego de surpresa e argumentaram que foi melhor para os
gays iranianos que Ahmadinejad negasse sua existência,
pois isso contribui para que
sejam deixados em paz.
No país, gays são punidos
com violência ou morte se
relações homossexuais forem comprovadas. Mas operações de mudança de sexo
são encorajadas. Por paradoxal que pareça, embora autoridades religiosas vejam a
homossexualidade como pecado, transexuais são considerados carentes de ajuda.
A internet também facilitou a vida social dos gays no
Irã nos últimos anos, segundo os entrevistados. Há dezenas de sites dedicados a
gays e lésbicas e chats monitorados e bloqueados por autoridades. Quando um serviço é banido, novos se abrem.
A chave para viver no país
sem a interferência do governo é manter a discrição.
Teerã tem muitas áreas famosas onde gays se encontram e prostitutas buscam
clientes. "Não leva nem dez
minutos para ser abordado",
afirma Amir, 24, designer
gráfico e gay. "Há homens de
todas as classes sociais."
A maioria, no entanto, é levada a esconder sua condição por medo da rejeição pela família. Shahin, 27, sempre escondeu de seus pais a
sua vida gay. "Talvez ele me
considerem doente ou tenham pena de mim", diz. E
lembra que muitos de seus
amigos se casaram para esconder que são gays.
Texto Anterior: Enviado da ONU encontra oposicionista em Mianmar Próximo Texto: Índia já apoiou tanto militares quanto dissidentes birmaneses Índice
|