São Paulo, segunda-feira, 01 de outubro de 2007

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Apesar de Ahmadinejad negar, homossexuais insistem em existir no Irã

DO "NEW YORK TIMES"

Quando o iraniano Reza, 29, ouviu que seu presidente, Mahmoud Ahmadinejad, negara que houvesse homossexuais no Irã, ele ficou surpreso. Mas não chocado: Reza sabe a verdade, ele é gay.
Em casa, em Teerã, ele conta que o Irã está cheio de homens e mulheres gays. A diferença da vida deles para a dos gays na Europa e nos EUA está no reconhecimento e na legitimidade. "Você pode ter uma vida gay secreta desde que não comece a exigir seus direitos", afirma.
Reza, que morou na Europa por um longo período, diz que a vida gay no Irã "é tão complicada quanto é para outros grupos, como trabalhadores e feministas, que não têm muitos direitos".
Desde que Ahmadinejad proferiu seu discurso na Universidade Columbia, em Nova York, há uma semana, a discussão sobre a homossexualidade foi sufocada. Sociólogos e outros analistas que aceitaram falar anonimamente disseram que o presidente foi claramente pego de surpresa e argumentaram que foi melhor para os gays iranianos que Ahmadinejad negasse sua existência, pois isso contribui para que sejam deixados em paz.
No país, gays são punidos com violência ou morte se relações homossexuais forem comprovadas. Mas operações de mudança de sexo são encorajadas. Por paradoxal que pareça, embora autoridades religiosas vejam a homossexualidade como pecado, transexuais são considerados carentes de ajuda.
A internet também facilitou a vida social dos gays no Irã nos últimos anos, segundo os entrevistados. Há dezenas de sites dedicados a gays e lésbicas e chats monitorados e bloqueados por autoridades. Quando um serviço é banido, novos se abrem.
A chave para viver no país sem a interferência do governo é manter a discrição. Teerã tem muitas áreas famosas onde gays se encontram e prostitutas buscam clientes. "Não leva nem dez minutos para ser abordado", afirma Amir, 24, designer gráfico e gay. "Há homens de todas as classes sociais."
A maioria, no entanto, é levada a esconder sua condição por medo da rejeição pela família. Shahin, 27, sempre escondeu de seus pais a sua vida gay. "Talvez ele me considerem doente ou tenham pena de mim", diz. E lembra que muitos de seus amigos se casaram para esconder que são gays.

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