São Paulo, quarta-feira, 01 de outubro de 2008

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Equador mantém a expulsão da Odebrecht apesar de acordo

Após encontrar Lula, Correa diz que construtora aceitou condições do governo, mas "em princípio, está fora do país"

Decisão final será tomada nos próximos dias, diz equatoriano, que elogiou respeito de Lula à "decisão soberana" de seu governo

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O presidente do Equador, Rafael Correa, disse ontem que a construtora brasileira Odebrecht continuará sob intervenção estatal em seu país e que uma decisão sobre o caso será tomada nos próximos dias.
"Em princípio não vamos revisar nada. [...] Em princípio a decisão continua em pé: Odebrecht está fora do país", afirmou Correa em entrevista coletiva em Manaus, após encontro com os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Evo Morales (Bolívia) e Hugo Chávez (Venezuela).
O Equador acusa a empreiteira de responsabilidade por problemas que levaram à paralisação, desde 6 de junho, da usina hidrelétrica San Francisco, que responde por 12% da produção elétrica do país.
Na semana passada, Correa assinou decreto que arrestou os bens da Odebrecht no Equador e suspendeu outros quatro contratos da empresa, que somam US$ 650 milhões. Também militarizou instalações da empreiteira e proibiu a saída de dois de seus diretores do país.
A Odebrecht está reparando os problemas, mas inicialmente não aceitou a exigência de indenizar o governo equatoriano pelo período de paralisação da usina. A reportagem não conseguiu contato com a empresa na noite de ontem.
Correa disse ontem ter conversado "casualmente" com Lula sobre o assunto. "O presidente Lula, como sempre muito respeitoso com a soberania de nosso país, entende que é um problema entre um Estado e uma empresa privada."
O presidente do Equador, que no domingo saiu vencedor de referendo que ratificou a nova Constituição do país, disse ter sido informado por Lula que a Odebrecht aceita as compensações impostas por seu governo, a despeito de negativas anteriores.
"Ele [Lula] disse que a empresa formalizou um pedido de acordo, que antes havia rechaçado em duas oportunidades, aceitando todas as condições. [...] Nos próximos dias deveremos ter uma resposta da Odebrecht e tomar uma decisão."
Antes do encontro, Lula disse que "Rafael [Correa] é amigo do Brasil, assim como somos amigos do Equador". O equatoriano elogiou o respeito à "decisão soberana" de seu governo.


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