São Paulo, quarta-feira, 01 de outubro de 2008

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Tumulto mata pelo menos 147 pessoas em templo na Índia

Quarta e mais grave debandada em festival hindu neste ano acontece em atração histórica de Jodhpur, cidade turística

Local de peregrinação fica no alto de uma montanha e é acessível por caminhos estreitos, íngremes e que estavam escorregadios

Reuters
Corpos de algumas das vítimas do tumulto que deixou 147 mortos na entrada de templo indiano

DA REDAÇÃO

Ao menos 147 pessoas morreram ontem em decorrência de um tumulto na porta de um templo hindu na cidade de Jodhpur, no oeste da Índia.
Por volta das 6h locais, houve debandada na fila que reunia os homens na entrada do templo Chamunda Devi, para o primeiro dia de celebração do Navaratra, tradicional festival religioso hindu.
Uma barreira para conter os peregrinos cedeu, e houve pessoas pisoteadas e sufocadas nas vias de acesso ao templo. Mais de uma versão foi apresentada como causa do incidente.
Testemunhas relatam ter visto jovens homens escorregando e caindo sobre outras pessoas ao tentar escalar uma encosta que levava ao templo.
A agência Reuters registrou testemunho que atribuiu o acidente ao fato de autoridades terem parado o fluxo de fiéis para dar passagem a um "vip".
Os administradores do prédio negam a informação e afirmam que um grupo de jovens peregrinos forçou passagem, gerando o tumulto.
Eles também rechaçaram que rumores de uma ameaça de bomba no local tenham agravado a debandada, gerando maior temor nos peregrinos.

Água de coco
"O estreito caminho ficou bem escorregadio", declarou o funcionário municipal Kiran Soni Gupta, que acompanhou o resgate. Segundo ele, a maioria dos mortos eram homens e não apresentavam contusões visíveis (sinal de que morreram por asfixia no tumulto).
Além do fato de os peregrinos hindus costumarem realizar suas caminhadas com os pés descalços, o que pode ter contribuído para os escorregões, a água de coco é usada pelos fiéis nos rituais, que podem ter também oferenda de manteiga. Isso teria agravado a situação, já difícil pela localização do ponto pretendido pelo fiéis.
O templo Chamunda Devi integra o forte Mehrangarh, construção do século 15, estabelecida sobre a cidade de Jodhpur -um dos mais conhecidos centros do Estado do Rajastão, famoso por suas atrações turísticas.
A construção fica no alto de uma montanha, 125 metros acima da cidade. Por razões estratégicas, o local é de difícil acesso. O forte, onde atualmente funciona um museu, era usado como palácio do marajá de Jodhpur até meados do século passado e já foi o centro de um antigo reino indiano.
As vias para subir ao topo da construção, que se espalha por 5 quilômetros, são íngremes e tortuosas, próprias para barrar a entrada de um exército rival.
Dos poucos caminhos ao topo, apenas um é acessível por veículos como carros e ambulâncias. E fica a cerca de 2,5 km do ponto onde está o templo.
Dessa forma, as vítimas que chegaram a receber cuidados nos hospitais tiveram que ser transportadas em macas improvisadas montanha abaixo.
Foi a quarta e mais grave ocorrência similar em peregrinações neste ano na Índia.
No início do mês passado, 145 pessoas (40 delas crianças) morreram numa debandada próxima a um templo no Estado de Himachal Pradesh, que fica na borda do Himalaia.
Na ocasião, a correria dos fiéis hindus foi causada pelo alarme falso de um desabamento no alto da montanha onde fica o templo.
Semanas antes, seis pessoas tinham morrido em um festival hindu no Estado de Orissa (leste do país). Em março, um encontro de 100 mil fiéis no centro do país foi marcado pela morte de nove peregrinos em um tumulto parecido.


Com agências internacionais


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