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Militares de Honduras detêm 55 em desocupação
Intervenção é baseada em um decreto que Micheletti havia prometido anular
Amorim orienta diplomata
enviado a Tegucigalpa a não
deixar mais embaixada após
ele quase ter a sua entrada
impedida no dia anterior
Rodrigo Abd/Associated Press
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Militares revistam apoiadores de presidente deposto, Manuel Zelaya, durante operação para desocupar prédio em Tegucigalpa
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA
Dezenas de policiais e militares hondurenhos desocuparam
ontem um prédio público ocupado por militantes que defendem a volta ao poder do presidente deposto Manuel Zelaya.
Na operação, 55 pessoas foram
presas. O país está sob restrição
dos direitos civis desde domingo, por determinação do regime de Roberto Micheletti.
A operação ocorreu na sede
do Instituto Nacional Agrário,
tomado desde a deposição de
Zelaya, em 28 de junho. Os militantes foram indiciados por
infringir o estado de sítio, segundo a Polícia Nacional.
Após não obter apoio da
maioria do Congresso às medidas de exceção, Micheletti prometeu na segunda voltar atrás,
mas ainda não o fez. "O decreto
está sendo discutido por vários
setores, mas segue em vigor",
disse um porta-voz da polícia
ao justificar a operação. Ontem,
representantes do Tribunal Supremo Eleitoral se reuniram
com Micheletti e o instaram a
revogar o decreto para que a legitimidade da eleição não seja
questionada.
Também ontem, seguidores
de Zelaya fizeram uma manifestação diante da rádio Globo,
fechada e ocupada militarmente na madrugada de segunda
sob a acusação de incitar a violência. A emissora era o principal meio de comunicação em
favor do líder deposto no dia
em que tentava promover consulta popular sobre uma Assembleia Constituinte considerada ilegal pelo Congresso e pela Justiça hondurenhos.
Anteontem, Zelaya exortara
seus seguidores a protestar para exigir a reabertura da rádio
Globo e do canal 36, também
fechado na segunda.
O presidente deposto, na embaixada brasileira há 11 dias,
passou o dia de ontem em reuniões, sem falar com a imprensa. No final do dia, recebeu o
chileno John Biehl, assessor do
secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza.
Diplomatas brasileiros
Por um impasse com a Chancelaria do governo Micheletti, o
ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, orientou o
seu enviado a Tegucigalpa, Lineu de Paula, a não deixar mais
a embaixada brasileira.
De Paula, que é ministro-conselheiro da missão do Brasil
na OEA, vinha fazendo um rodízio na embaixada com o encarregado de negócios, Francisco Catunda.
Anteontem, quando entrava
pela terceira vez na embaixada,
uma funcionária da Chancelaria exigiu um carnê diplomático, documento expedido pelo
governo hondurenho aos funcionários e familiares de representações diplomáticas.
O impasse durou cerca de
uma hora e só foi resolvido após
uma autorização "excepcional", segundo relato de De Paula, que tem apenas o seu passaporte diplomático.
Como os diplomatas brasileiros em Tegucigalpa não estão
autorizados pelo Itamaraty a
ter contato com o governo interino, De Paula não pode solicitar o documento e ficará de forma permanente na embaixada.
Ontem, Catunda e o assistente de Chancelaria Wilson Batista, ambos com carnê diplomático, sofreram revista de meia
hora para entrar na embaixada.
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