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Vídeo de Bin Laden não influencia voto
KIRK JOHNSON
DO "THE NEW YORK TIMES"
Se Osama bin Laden imaginava,
ao soltar um novo vídeo poucos
dias antes da eleição nos EUA,
que pudesse fazer eleitores de
John Kerry ou de George W. Bush
mudarem de idéia sobre seu voto,
ele deverá ter uma surpresa.
"As pessoas que eu conheço estão tão polarizadas que [o vídeo]
não faz nenhuma diferença", disse Jan Hill, contadora em Denver
e decidida a votar em Kerry.
Seu marido David, que é músico, acrescentou que o vídeo de
Bin Laden foi só mais uma nota
na cacofonia de comerciais de
partidos e notícias sobre as eleições. "Acho que as pessoas não
estão mais reagindo [a novidades]. Estamos anestesiados."
Muitos eleitores de Bush pareciam igualmente indiferentes.
"Não tem nada a ver com a eleição", disse Paul Christene, controlador de vôo de Walford, Iowa.
"Permaneço com Bush."
Em dezenas de entrevistas na
sexta-feira e no sábado em cinco
Estados onde a disputa está acirrada -Colorado, Arkansas,
Ohio, Nevada e Iowa-, os mesmos sentimentos foram repetidos
diversas vezes. Simpatizantes de
Bush disseram que o vídeo havia
fortalecido sua decisão de votar
no Partido Republicano, por lembrá-los das sérias ameaças que o
país ainda enfrenta. Eleitores de
Kerry afirmaram que a fita era
mais um lembrete de que o governo Bush não conseguiu capturar
Bin Laden. Mesmo os indecisos
disseram que o vídeo não teria influência sobre sua decisão final.
Na verdade, com paixões intensificadas a tal nível nesta eleição e
tantos eleitores já comprometidos com sua escolha, Bin Laden
pode ter realizado um feito estranho e notável: fazer-se irrelevante.
Muitos entrevistados afirmaram que, apesar de Bin Laden ainda ser um símbolo poderoso, suas
palavras, a essa altura, não fariam
a menor diferença. Mas o mesmo
não pode ser dito de sua captura.
Tyler Lisenbee, um gerente de
Denver, disse que votou em Bush
em 2000, mas está inclinado a votar em Kerry, principalmente por
causa da Guerra do Iraque. Segundo ele, o vídeo de Bin Laden
não o ajudou a se decidir. "Bush é
presidente há todo esse tempo e
Osama ainda está por aí", disse.
"Não sei se Kerry vai conseguir fazer melhor, mas talvez valha a pena tentar alguém novo."
Lisenbee disse achar que Bin Laden não vai afetar a eleição em absoluto, "a não ser que o capturem
nos próximos dias -aí eu provavelmente votaria em Bush".
Cheryl Hecksler, professora e
eleitora de Kerry em Las Vegas,
disse que recebeu um telefonema
de sua mãe dizendo "alguma coisa sobre Bin Laden".
"O sinal do celular estava ruim,
e achei que ele tinha sido capturado", disse. Ela disse que, apesar de
querer que ele seja preso, temeu o
efeito que aquilo poderia ter. "Fiquei em pânico. Minha primeira
reação foi pensar que Bush ganharia de lavada."
A pesquisa não é exatamente
científica, e pode refletir o que as
pessoas acharam que seria a resposta mais adequada. Mas pode
aliviar preocupações de que eleitores pudessem ser empurrados
para o campo de Bush por causa
da mensagem de Bin Laden ou
para o de Kerry pelo fato de que
ele ainda está solto. A decisão sobre em quem votar, repetiam os
entrevistados, já foi feita.
Algumas pessoas afirmaram
pensar que, na privacidade da cabine eleitoral, pode haver pessoas
que votem influenciadas pela
mensagem de Bin Laden, ou pela
reação dos candidatos à mensagem. Mas foi difícil encontrar alguém que achasse que isso pudesse ocorrer consigo próprio. E, para cada um que achava que a intenção de Bin Laden era fortalecer
Kerry, havia outro que achava que
a intenção era reeleger Bush.
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