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Coréia do Norte recua e volta a negociar
Pressões chinesas levam o país, que testou a primeira bomba, a rediscutir multilateralmente seu programa nuclear
Bush agradece Pequim por
ter forçado norte-coreanos a
voltarem a negociações com
sul-coreanos, americanos,
russos, japoneses e chineses
France Presse-27.out.2006/KCNA
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Foto divulgada na segunda-feira mostra suposta comemoração pelo teste nuclear do dia 9 na cidade norte-coreana de Sariwon |
DA REDAÇÃO
Depois de explodir sua primeira bomba atômica em 9 de
outubro e de sofrer imediatas
sanções da ONU que dificultaram a sobrevivência econômica
de seu regime, a Coréia do Norte concordou ontem em retomar negociações multilaterais
sobre seu programa nuclear.
A informação foi dada em Pequim pelo governo chinês e pelo diplomata americano Christopher Hill, encarregado de
questões norte-coreanas no
Departamento de Estado.
O recuo de Pyongyang representa uma vitória diplomática
para a China, que reagiu de forma bastante dura à nuclearização da península Coreana.
Além de votar no Conselho de
Segurança contra o ditador
Kim Jong-il, os chineses, em
iniciativa unilateral, interromperam a venda de petróleo ao
pequeno e isolado aliado comunista.
O papel dos chineses no jogo
de pressões que dobrou as resistências norte-coreanas foi
reconhecido abertamente em
Washington pelo próprio presidente George W. Bush.
"Estou satisfeito e quero
agradecer aos chineses", disse o
americano. O porta-voz do Departamento de Estado, Tom
Casey, afirmou que "está claro
que os norte-coreanos entenderam o recado da China" e das
demais partes envolvidas.
Na prática, Pyongyang aceita
voltar a participar do chamado
Grupo dos Seis (as duas Coréias, Japão, Estados Unidos,
China e Rússia), do qual havia
se retirado em setembro do ano
passado, em resposta às sanções financeiras impostas pelo
governo americano.
A medida -congelamento de
US$ 26,2 milhões de depósitos
norte-coreanos no Banco Delta
Ásia, de Macau- foi tomada a
partir de informações que os
serviços de inteligência americanos que colocavam a Coréia
do Norte no centro de uma suposta rede de tráfico de drogas
e de produção de cédulas falsas
de dólares americanos.
Desde então, Pyongyang
condicionava sua volta ao Grupo dos Seis à suspensão das
sanções impostas por Washington. Elas permanecem em
vigor, disse ontem Hill em Pequim, mas podem ser em breve
suprimidas, dependendo do
andamento das negociações.
Cautela japonesa
O regime de Kim Jong-il
tampouco foi atendido em sua
exigência de retomar as negociações com os EUA no plano
bilateral. Washington insistiu
no multilateralismo do Grupo
dos Seis, situação também conveniente à China.
Christopher Hill disse que o
Grupo dos Seis se reunirá até o
final de novembro ou início de
dezembro.
A Rússia reagiu bem à novidade. Alexander Alexeyev, vice-chanceler, qualificou-a de "extremamente positiva".
A Coréia do Sul seguiu na
mesma linha. Choo Kyu Ho,
porta-voz da diplomacia de
Seul, disse esperar que, ao final
do processo agora desencadeado, "chegue-se à desnuclearização da península" -que divide
com seu complicado vizinho.
A reação japonesa foi mais
cautelosa e mal-humorada. Tóquio disse se recusar a negociar
com uma Coréia do Norte que
se instale ao redor de uma mesa
como detentora da bomba atômica. O chanceler japonês, Taro Aso, quer um claro compromisso de Pyongyang.
Tóquio, que se sentiu particularmente vulnerável a testes
de mísseis que a Coréia do Norte fez em julho último, foi bem
além das sanções votadas pela
ONU. Em lugar de um embargo
na exportação de artigos de luxo, armas pesadas ou peças para mísseis e reatores, o Japão
submeteu o país asiático a um
embargo comercial integral.
As sanções votadas em outubro pelo Conselho de Segurança permanecem em vigor, disseram Christopher Hill, em Pequim, e, em Seul, Chun Yung-woo, negociador sul-coreano
para questões nucleares.
Hill, que foi aliás quem mais
deu ontem declarações, alertou
contra qualquer otimismo precoce. "Estamos ainda muito
distante de nossos objetivos, e
ainda não me sinto em condições de estourar champanha e
acender charutos", afirmou.
Com agências internacionais
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